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MARIA AMÉLIA VERAS REFORÇA A IMPORTÂNCIA DO FÓRUM NO DEBATE E ELABORAÇÕES DE PROPOSTAS PARA FORTALECER O CAMPO DA SAÚDE COLETIVA

Questões importantes estavam na pauta da última reunião em 2014, do Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, da Abrasco, em Porto Alegre. Mais de 65 pesquisadores entre coordenadores e vice-coordenadores se reuniram para discutir o processo de avaliação dos programas, como também o sistema, os critérios, e as mudanças na avaliação proposta pela Capes. Maria Amélia, coordenadora do Fórum, afirmou que é preciso levar em consideração a heterogeneidade do contexto da pós-graduação no Brasil para pensar seu sistema de avaliação. Nesse sentido, reforçou a importância do Fórum e da participação de todos presentes no debate. “Nosso tema é ‘avaliação’, o que não poderia ser diferente, diante do contexto em que vivemos. Mas qual a contribuição que a Saúde Coletiva pode oferecer para esse contexto? De onde viemos, onde estamos e para onde queremos ir?”, destacou Maria Amélia.

Apresentada por Eduarda Cesse, pesquisadora da Fiocruz/PE e coordenadora adjunta da Área da Saúde Coletiva para Mestrados Profissionais da Capes, o contexto da Pós-Graduação no Brasil, em especial da Saúde Coletiva, trouxe um pouco da história de sua trajetória e ainda a posição que se encontra o campo atualmente, para uma reflexão pertinente sobre qual caminho é estratégico seguir como área. Essa retrospectiva histórica também localizou os novos coordenadores presentes na reunião, na perspectiva de fortalecer a construção coletiva de caminhos possíveis no contexto da avaliação da produção científica dos pesquisadores em Saúde Coletiva e de seus programas.

Guilherme Werneck, por sua vez, trouxe à luz do contexto atual, o panorama das 48 áreas existentes na Capes, incluindo a Saúde Coletiva, ressaltando as funções dos 18 representantes da CTC e seus poderes nas decisões e na luta por voz política dentro da instituição. Entre outros pontos importantes, revelou que a Plataforma Sucupira por meio de relatórios entregues por coordenadores de todo o Brasil, recebeu uma avaliação positiva e que seus problemas não foram enfatizados. “Considerei isso muito preocupante. Principalmente porque a próxima avaliação será baseada nas informações da Plataforma Sucupira, como exemplo a avaliação de livros. Mesmo que a Saúde Coletiva considere importantíssima a produção de livros, o CTC tem o poder de modificar os princípios de avaliação definidos por cada área, que de certa forma, apresenta uma valorização de menor ou maior nível”, enfatizou.

Nesse contexto da avaliação do campo da Saúde Coletiva e as dimensões que se inserem nesse processo, Guilherme Werneck pontuou o número de pedidos de aprovação para mestrados profissionais em todo o Brasil. Salientou que essa questão também passa pela linha de decisão sobre qual o caminho que o próprio campo e seus pesquisadores desejam traçar após uma trajetória tão rica. “Não sei se porque a ideia de ‘interdisciplinaridade’ tenha um sentido ‘frouxo’, menos ‘rigoroso’, mas, a demanda por aprovações de cursos com essa perspectiva tem crescido assustadoramente. Ou talvez a ideia de ‘interdisciplinaridade’ de muitas propostas esteja equivocada. ‘Interdisciplinaridade’ não significa juntar pesquisadores de áreas diferentes, é muito mais que isso, é mais profundo, é mais complexo. A proposta precisa ser robusta e estar completamente ligada à perspectiva da Saúde Coletiva”, afirmou o pesquisador, enfatizando que isso também é um parâmetro importante para saber para onde o campo deseja seguir. “É importante crescer como queremos crescer. Não aprovar cursos com propósitos equivocados ou frouxos não se trata de frear o crescimento da área, mas de fortalecimento da perspectiva da Saúde Coletiva”.

Eduarda Cesse afirmou que a semana de avaliação de novos programas trouxe uma preocupação, mas também um olhar mais apurado sobre o campo da Saúde Coletiva, “o quanto é importante participar do processo de avaliação”. Para ela, estar em contato com as demandas atuais de 38 a 40 programas profissionais, fez perceber o quanto o cenário é amplo e complexo, e o quanto há urgências em formação voltadas para os serviços de saúde.

GT de Avaliação da Pós-Graduação

Apresentada por Aylene Bousquat, o GT de Avaliação da Pós-Graduação apresentou os resultados das análises da colaboração intelectual entre os docentes (cursos de nota 7 e nota 5) e dos componentes/quesitos da avaliação no triênio 2010-2012. Entre os consensos, estão o “reconhecimento da importância do processo de avaliação e seus diversos avanços alcançados; a necessidade da garantia de um processo claro e republicano, com regras iguais para qualquer grupo de pesquisadores; a ideia de que o espírito geral construtivo vem norteando a construção do processo de avaliação, presença de diálogo entre os coordenadores no Fórum e a coordenação de área da Capes; a consolidação do campo da Saúde Coletiva frente aos demais campos de conhecimento na Capes; e que o modelo atual precisa ser aperfeiçoado e atualizado continuamente (já se chegou a um limite)”.

Wolney Conde também apresentou dados sobre os quesitos analisados pelo GT. Segundo os resultados, o GT apontou algumas questões a serem consideradas pelo Fórum: “quantos modelos de pós-graduação interessam? A avaliação é plural, mas isso é reconhecido? Qual o espaço para novas temáticas (cursos)? Quais novas temáticas interessam ao campo da Saúde Coletiva? Há sinergia entre a agenda internacional da saúde e a formação ou produção de conhecimento no Brasil? Deve-se mexer nos indicadores já? Por onde começar? Quantos? Qual a direção da mudança? Qual o papel dos cursos com nota 7 (liderança ou prêmio)? Os indicadores estão afinados com o futuro da pós-graduação em Saúde Coletiva?”.

Após apresentação dos resultados pelo GT de Avaliação da Pós-Graduação, um debate foi aberto na plenária. Questões como “onde localizamos o SUS no processo de investigação dos programas e nos estudos desenvolvidos? Qual o alcance, na prática desses estudos, à sociedade, aos contextos das populações que são usuários do SUS? Onde estão as cotas para negros, indígenas nos programas de pós-graduação? Como acompanhar os egressos dos programas? Como pensar na internacionalização da produção? Que critérios de avaliação podem equilibrar as dimensões ‘produção de material didático’ e ‘produção científica’? Não é necessário pensar uma produção acadêmica diferenciada para estudantes de pós-graduação, principalmente para aqueles que não seguirão carreira acadêmica, tendo em vista os mestrados profissionais? Editores devem ser vetados publicarem em suas publicações ou ter limitações em publicações de artigos?”.

Outras pautas do Fórum

Além da aprovação e formação de novos membros dos GTs dentro do Fórum: GT de Avaliação da Pós-Graduação, GT de Avaliação Discente e GT Solidariedade, Redes e Internacionalização, houve eleição de nova coordenadora. Maria amélia Veras deixa a coordenação do Fórum depois de três anos e cede lugar para e epidemiologista da ENPS/Fiocruz, Silvana Granado. Uma demanda destacada para a próxima reunião é a redação de um regulamento do Fórum. No contexto dos trabalhos dos GTs, o GT de Produção Técnica apresentou dados sistematizados de novos critérios de avaliação elaborados pelo Fórum para serem encaminhados à Capes.

Também estiveram presentes Leila Posenato Garcia – IPEA/PR/Brasília/DF e Elisete Duarte – SVS/MS/DF, editoras geral e executiva, que divulgaram a notícia de indexação da Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde à Plataforma Scielo. Mais uma vitória para o campo da Saúde Coletiva em 2014.

O próximo encontro, aprovado em plenária, acontece em Recife, Pernambuco, nos dias 14 e 15 de maio de 2015.

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