Uma rica produção para celebrar a troca de experiências, as lutas sociais e repensar a função social da produção científica. Essa é a expectativa da Comissão Científica do 2º Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente – 2º Sibsa – após a avaliação dos trabalhos submetidos. O resultado é um equilíbrio entre as produções científicas e os relatos de experiências de luta e mobilização relacionados à saúde, ao meio ambiente e ao direito à vida. “Pelo ineditismo do nosso evento e a capilaridade que ele vem tomando, temos certeza que será um simpósio vitorioso”, avalia Lia Giraldo, presidente da Comissão Científica do Sibsa, ao final da reunião, realizada em 18 de agosto, na Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ao todo, serão 192 pôsteres eletrônicos e 150 comunicações orais, divididos entre trabalhos científicos, relatos de experiências e produções multimídia. Os tempos de apresentação serão de 8 a 20 minutos, dependendo da sessão inscrita, e o modo de apresentação é livre. Os participantes receberão seus aceites por e-mail e serão contatados pelos coordenadores de cada grupo para iniciar desde antes do congresso o conhecimento entre os pares que vão compor as sessões. Haverá perguntas disparadoras para promover o debate dentro dos grupos, além de material de apoio audiovisual.
Atividades, luta e cultura: A troca de experiências marcará todo o 2º Sibsa. Novas oficinas, como a de Saúde do Trabalhador da Secretaria de Saúde de Minas Gerais e uma reunião de trabalho da equipe de vigilância ambiental do Ministério da Saúde, estão confirmadas, ampliando assim a presença da gestão no evento. O primeiro dia será totalmente dedicado ao eixo temático Desenvolvimento e conflitos territoriais Fórum de Diálogos de Saberes: a luta pela saúde e ambiente nos territórios. Após a apresentação do Mapa de Conflitos Ambientais, pela manhã, seguirão mesas simultâneas para o debate de abordagens metodológicas em ciência em contato com os relatos dos movimentos relacionados às temáticas, como mineração, agronegócio transgênicos, biodiversidade, saneamento e direito à cidade. Ao final desse intenso dia de debates, uma atividade cultural fora das dependências do MinasCentro será oferecida aos simposiastas.
Os outros dois dias serão dedicados, respectivamente, aos demais eixos: Função social da ciência, ecologia de saberes, e outras experiências de produção compartilhada de conhecimento, e Direitos justiça ambiental e política públicas, com conferências, mesas redondas e painéis, além dos grupos.
Produção coletiva: Os próximos passos da Comissão Científica serão a definição final dos coordenadores de sessão junto com as demais entidades que compõem o evento. “Fico feliz de ver a Abrasco fazer isso, de abrir espaço para a construção dos movimentos sociais. Isso deve ser algo crescente, como uma onda, para que a cada ano ganhe mais força”, destacou Tadeu Melo – professor da UFAC e membro da Comissão.
A mesma visão é compartilhada por membros de demais GTs da Abrasco que se incorporaram ao Sibsa. “Vejo aqui muitas das nossas convergências. As discussões sobre desenvolvimento e justiça social também tem eco no GT Vigilância Sanitária e nos Simbravisas”, destacou Luiz Quitério, da coordenação do GTVISA. Para Tarcísio Magalhães Pinto, do GT Saúde do Trabalhador, a interação entre GTs é fundamental para a compreensão global dos problemas de saúde. “Nossa visão de Saúde do Trabalhador é intersetorial e transdisciplinar. Logo, essa troca é importante não só para saber o que os demais colegas estão fazendo como para dar visibilidade e integrar os temas em Saúde do Trabalhador com as demais áreas da saúde”. O mesmo encantamento também se dá com integrantes do movimento social que começam a fazer essa ponte com o mundo científico. “Entrei muito voluntariosa querendo saber o que o meu movimento poderia aqui aprender e estou em estado de graça com essa participação. Foi um presente bom estar nessa ciranda, de casar movimentos com ciência”, conta Inovete Gonçalves de Souza, do Centro de Estudos e Pesquisas para o desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia – CEPEDES.
Fórum Permanente: No dia anterior, o GT Saúde e Ambiente fez sua reunião para, dentre outros pontos de pauta, avançar nas proposições do evento. “A perspectiva é de integrar mais pesquisadores e movimentos sociais na construção do diálogo dos saberes e na formulação de políticas públicas mais justas no campo da Saúde e Ambiente, Nesse sentido, avançamos nessa reunião e vamos propor a criação de um Fórum de Saúde e Ambiente permanente da Associação”, explicou Fernando Carneiro, coordenador do GTSA. Um livro e uma nova edição da revista Ciência & Saúde Coletiva são outras ações que o Grupo pretende fazer como desdobramento do evento, mantendo assim ainda mais vivo os debates sobre saúde, movimentos sociais e ambiente.