A Direção da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), em parceria com a Comissão Nacional da Verdade da Reforma Sanitária (CVRS), organizou um encontro, no dia 30 de abril, para debater os 21 anos em que o Brasil viveu sob a ditadura militar. O evento aprofundou uma reflexão a respeito dessa experiência histórica e o legado para o presente e futuro próximo. O debate 50 anos do golpe militar no Brasil: visões militantes foi coordenado por Anamaria Tambellini, presidente da CVRS, e Eduardo Stotz, pesquisador da ENSP. Participaram também Ceici Kameyama engenheiro aposentado da Assembléia Legislativa de SP; Carlos Bottazo, professor da USP e membro do Núcleo da CVRS em SP, além de Cid Benjamin, jornalista e escritor.
50 anos do golpe militar no Brasil: visões militantes
Durante o mês de março uma parte do noticiário nacional foi dedicada à recordação dos 50 anos decorridos do golpe militar que, em 1964, depôs o presidente eleito João Goulart e iniciou a mais longa ditadura de nossa história republicana. Os debates envolveram instituições da sociedade civil e públicas, pautando-se, em grande medida, na atuação da Comissão Nacional da Verdade, em funcionamento desde maio de 2012. Na imprensa predominaram, portanto, matérias relacionadas à violência estatal vistas sob o ângulo do arbítrio e a busca de informações sobre mortos e desparecidos nos cárceres da ditadura militar.
Nos debates acadêmicos houve maior aprofundamento, trazendo-se à tona questões relacionadas às raízes e à caracterização do golpe militar de 1964, ao processo de instauração e natureza de classe do regime, suas bases sociais e o papel das instituições públicas e privadas na sua sustentação. Outros aspectos importantes abordados nestes debates dizem respeito às mudanças econômicas, sociais e políticas deste período, assim como a resistência social que culminou na redemocratização política do país, expressa na anistia, nas constituinte de 1988 e nas eleições diretas de 1989.