A Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco já começou os trabalhos de organização do 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (8º CBCSHS), a ser realizado na cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba (PB), em 2019. Gastão Wagner, presidente da Abrasco, reuniu-se com Martinho Braga Silva, coordenador da Comissão, e Eymard Vasconcelos, docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba (PPGE/UFPB), no último dia do X Congresso Brasileiro de Epidemiologia para afinar os primeiros movimentos, entre eles, a organização dos seminários regionais pré-Abrascão e a abertura das celebrações dos 40 anos da Abrasco. As memórias desta reunião e das duas últimas reuniões virtuais sobre o Congresso e o Plano Diretor da Comissão já estão na seção Documentos, disponíveis da página da Comissão aqui no Portal Abrasco.
A candidatura de João Pessoa à sede do 8º CBCSHS foi uma proposição conjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e do Departamento de Promoção da Saúde, da mesma universidade (DSP/CCM/UFPB). Eymard será anfitrião do evento juntamente com Pedro Cruz, professor do DSP/CCM/UFPB, integrante da Comissão de Ciências Sociais e Humanas e representante da mesma na Comissão Científica do Abrascão 2018.
Ainda não há tema definido para esta oitava edição. “A ideia é que esta definição seja um processo de construção coletiva, iniciado no nosso seminário preparatório do Abrascão e que deve ser finalizado um pouco antes do início do evento”, explica Martinho Silva. O tema do evento preparatório será ‘O SUS diante às violências: diálogos sobre vivências e resistências’ e acontecerá até março de 2018, também em João Pessoa.
Outra definição é fazer do evento o marco das celebrações do 40 anos da Associação. Por esse motivo, excepcionalmente, o 8º CBCSHS acontecerá nas últimas semanas de setembro de 2019, para poder comemorar o aniversário na sua data oficial, no dia 27. A diretoria da Abrasco chancelou a decisão em sua última reunião, também , realizada durante o Epi2017. “A Abrasco tem sido muito importante na história do Brasil e, nos atuais tempos sombrios e de crise, tem servido como uma estratégia de articulação de uma produção científica comprometida com a sociedade brasileira. É importante comemorar e refletir sobre essa trajetória progressista e democrática”, destaca Gastão. Eymard Vasconcelos reforça: “Queremos um congresso que não seja apenas um debate entre acadêmicos, mas que reúna artista, coletivos, trabalhadores da saúde e das demais áreas. Queremos ouvir os dilemas e avançar nessa caminhada de 40 anos de Abrasco, aglutinadora e potencializadora da luta de diversos movimentos sociais que convergem suas pautas na temática da saúde”. Leia abaixo trechos da entrevista com os dirigentes.
Abrasco: Já há tema definido para o 8º CBCSHS? Caso não haja, há alguma discussão sobre as temáticas que deverão servir de fio condutor?
Martinho Braga Silva: Não há tema definido até o momento. A ideia é que esta definição seja um processo de construção coletiva, iniciado no nosso seminário preparatório do Abrascão sob responsabilidade da Comissão, que acontecerá até março de 2018 na mesma João Pessoa, e que deve ser finalizado um pouco antes do início do Abrascão, no próximo julho, no Rio de Janeiro. O tema do evento preparatório será ‘O SUS diante às violências: diálogos sobre vivências e resistências’. O mais importante é que nós pretendemos fazer do 8º Congresso a abertura oficial da celebração dos 40 anos da Abrasco, organizando o evento nos dias finais do mês de setembro. A ideia é o evento começar no dia 26, com a etapa pré-congressual, e encerrar no dia 30.
Abrasco: Mas há um motivo forte que favoreceu à decisão por João Pessoa, certo?
Martinho Braga Silva: A organização institucional do campo das Ciências Sociais em Saúde existe dentro dos quadros da Abrasco desde meados da década de 1980. No início dos anos 2000, mudou seu nome para Ciências Sociais e Humanas em Saúde. Qual a diferença? Tornamos o campo mais inclusivo, mais plural e abrangente, com espaço não só para as três ciências centrais do pensamento social, mas como também para as demais áreas das Ciências Humanas, como a Educação. A antiga Comissão de Ciências Sociais em Saúde tinha uma discussão muito forte no ensino, na pesquisa e na prestação de serviços. Com a reorganização e ressignificação da Comissão, foi incluída a dimensão da extensão universitária e, em particular, a extensão popular no Plano Diretor. O trabalho realizado pelos professores Eymard e Pedro é reconhecido justamente por esses conteúdos e articulações. Consideramos João Pessoa o lugar mais apropriado para discutir esse tema, extremamente relevante.
Abrasco: Como a Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco se sente em realizar seu congresso na efeméride de aniversário dos 40 anos da Abrasco?
Martinho Braga Silva: Celebrar os 40 anos e nossa associação é fundamental para a área de Saúde Coletiva, e em especial para os estudiosos das ciências sociais e humanas será um grande honra e uma enorme responsabilidade. É a também uma grande oportunidade de mostrar em que medida essa área pode e deve ser adjetivada “Coletiva”, problematizando as fronteiras entre a dimensão individual e a coletiva dos processos de adoecimento, bem como entre o setor público e o privado na prestação de serviços sanitários.
Abrasco: E para a diretoria da Abrasco, qual a importância das celebrações de aniversário iniciarem no 8º CBCSHS?
Gastão Wagner: Na última reunião da diretoria, realizada também durante o Epi2017, foi chancelado que esse 8º Congresso abrirá o ciclo de celebrações dos 40 anos da Abrasco, como aprovado na Assembleia final de Cuiabá, no ano passado. Acho que os últimos congressos das três áreas constituintes da Saúde Coletiva foram eventos criativos, inovadores e de alta participação. Sem exceção, apostaram na construção de um diálogo e ampliaram a capacidade de escuta sem perder a dimensão crítica. Queremos fazer disso uma nova tradição e, sempre que possível, inovar nas metodologias. Tenho certeza que, pelo perfil da área de Ciências Sociais e Humanas e pela garra do movimento da saúde de João Pessoa que está se juntando na Comissão Organizadora Local, teremos uma excelente celebração. A Abrasco tem sido muito importante na história do Brasil e, nos atuais tempos sombrios e de crise, tem servido como uma estratégia de articulação de uma produção científica comprometida com a sociedade brasileira. É importante comemorar e refletir sobre essa trajetória progressista e democrática.
Abrasco: E para o movimento social da saúde de João Pessoa e de toda a Paraíba, qual o significado desse fato?
Eymard Vasconcelos: Será uma honra muito grande. Em particular, no estado da Paraíba, temos diversos protagonistas na Saúde Coletiva. Temos uma juventude muito ativa e quadros já experientes, espalhados em diversos grupos. Hospedar um Congresso da Abrasco é motivo de orgulho e já estamos mobilizando essa comunidade. Gastão tem colocado em suas conferências uma dimensão engajada e comprometida da Saúde Coletiva e isso se refletirá na celebração desse aniversário. A Saúde Coletiva andou durante um momento muito tecnificada, priorizando unicamente os espaços de gestão. O momento político atual exige a volta do espírito que animou a Abrasco e o movimento da Reforma Sanitária brasileira, que é a construção de uma sociedade mais fraterna, inclusiva e solidária. O fato de a comemoração dos 40 anos ser especificamente num congresso das Ciências Sociais e Humanas marca essa distinção da Saúde Coletiva brasileira frente à Saúde Pública internacional e reafirma nossa originalidade.