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Companhias de bebidas adotam estratégias agressivas para evitar prejuízo no mercado global

Com a acentuada queda das vendas de refrigerantes e demais bebidas carbonatadas nas nações desenvolvidas, a indústria de bebidas açucaradas busca compensar essas perdas por meio de agressiva estratégias de aumento de consumo e de vendas nos países de baixa e/ou média renda, como Brasil, Índia e México. As ações são as mesmas já utilizadas pela indústria do tabaco antes das regulações do setor e contribuem diretamente para o aumento da epidemia da obesidade, principalmente entre jovens e crianças. A análise desse cenário e a indicação de medidas para enfrentar esse desafio de saúde pública em diversos níveis de governança estão no relatório A CARBONATAÇÃO DO MUNDO – A comercialização e o impacto de bebidas com açúcar na saúde, em países de baixa e média renda, realizado pela Center for Science in Public Interest (CSPI), organização não governamental norte-americana dedicada à promoção e defesa da alimentação saudável e adequada e atuante desde a década de 1970. No Brasil, a responsabilidade de divulgação do estudo está a cargo da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

+ Acesse o Sumário Executivo do relatório A Carbonatação do Mundo em português

+ Acesse a íntegra do Relatório “Carbonating the World” Tracks Soda Industry in Big Tobacco’s Global Footprints

Redigido por Allyn L. Taylor, expert em diplomacia em saúde global da Escola de Direito da Universidade de Washington e por Michael F. Jacobson, presidente da ONG norte-americana, o estudo mostra como Coca-Cola, Pepsi, e outras empresas nacionais e regionais de refrigerante estão expandindo seu alcance em todo o mundo. Nos Estados Unidos, o consumo per capita de bebidas carbonatadas e/ou adoçadas com açúcar diminuiu 25% entre 1998 e 2014, os braços das companhias na América Latina, Ásia, Oriente Médio e nos países africanos têm estratégias projetadas para aumentar o consumo até 2018. No alvo da ação, 3,5 bilhões de adolescentes e jovens até os 20 anos, chamados por Gary Fayard, diretor financeiro da Coca-Cola de “nosso núcleo demográfico”.

Políticas mundiais, ações locais: Somente a Coca-Cola Company pretende investir mais de 30 bilhões de dólares nos mercados emergentes entre os anos em 2012 e 2017. Para a maior player global do segmento, o crescimento nesses países é fundamental, uma vez que pretende dobrar sua receita entre 2010 e 2020. Somente no terceiro trimestre de 2015 a empresa apresentou valor consolidado acima de 11 bilhões de dólares.

O relatório destaca o caso mexicano como exemplo. O país é um dos maiores consumidores destas bebidas e tem uma das taxas mais altas de obesidade no mundo. Apesar de o governo do Enrique Peña Nieto estar tentando reverter o quadro por meio de medida que ficou conhecida como “imposto dos refrescos”, o marco regulatório está sofrendo ataques diretos do setor. “Estes são os países com população em crescimento populacional e de renda, com governos de menor probabilidade para acionar ações para deter o consumo”, reforça Michael F. Jacobson, presidente da CSPI.

“Ao centrar investimentos para estão investindo bilhões de dólares por ano em países como o Brasil, China, Índia e México não só para construir fábricas de engarrafamento, mas também para criar redes de distribuição e promover os seus produtos para maximizar as vendas”, destaca o estudo, que traz ainda dados econômicos da China, na África do Sul e Filipinas.

Múltiplas governanças: O Relatório propõe ainda medidas de governança para diversos setores da sociedade, compreendendo que o enfrentamento da epidemia da obesidade necessita de ações dos múltiplos atores envolvidos, da Organização Mundial da Saúde (OMS) aos restaurantes e demais espaços de alimentação, passando, principalmente, pelos governos nacionais, fabricantes e entidades e associações de entidades civis. Dentre as propostas, destacam-se a restrição do conteúdo de açúcar presente nas bebidas a cerca de um quarto dos níveis atuais; o oferecimento, por parte da OMS de ferramentas aos países para incentivar a redução de consumo de bebidas; redução das embalagens e volume máximo de venda de bebidas, entre outros.

Para Inês Rugani, professora do Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (INU/Uerj) e coordenadora do Grupo Temático Alimentação e Nutrição em Saúde Coletiva (GT ANSC/Abrasco), o documento é extremamente relevante por sistematizar informações que reiteram e comprovam o que vem sendo apontado por inúmeros pesquisadores e ativistas de diversos países.

“O estudo dá o devido destaque às ações regulatórias dirigidas a, por exemplo, propaganda, rotulagem, taxação, oferta de produtos em locais como cantinas escolares, e alteração da composição dessas bebidas, valorizando a importância de os países serem apoiados em seu esforço de consolidação e expansão de medidas regulatórias voltadas à promoção da alimentação adequada e saudável”, destaca Inês.

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