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 POSICIONAMENTO ABRASCO 

Comunidade acadêmica recebe com preocupação a notícia da indicação de novo presidente do IBGE

Bruno C. Dias com informações da ASSIBGE

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), em posicionamento conjunto de sua diretoria e de seu Grupo Temático Informação e Saúde da População (GTISP/Abrasco), assinam e divulgam mais uma medida arbitrária do governo interino que, mesmo não sendo de âmbito estrito das áreas da saúde e da educação, influenciam diretamente ambos os setores e a produção de conhecimento em Saúde Coletiva. Novas adesões individuais ou coletivas podem ser encaminhadas para o e-mail rabellonoibge@gmail.com .

Comunidade Acadêmica recebe com preocupação a notícia da indicação de novo presidente do IBGE

A notícia da indicação de Paulo Rabello de Castro para a presidência do IBGE é extremamente preocupante. O indicado, amigo do presidente interino, é vinculado a interesses privados, em especial do mercado financeiro. Trata-se de diretor presidente da SR Rating e fundador da RC Consultores, empresas de consultoria financeira que elaboram projeções que são vendidas no mercado, utilizando, dentre outros, dados do IBGE.

+ ASSIBGE – Sindicato Nacional repudia troca de presidente do IBGE sem qualquer consulta ao corpo técnico do instituto 

+ Dez perguntas e dez respostas sobre o novo presidente do IBGE

As informações produzidas e disponibilizadas pelo IBGE são intensamente utilizadas em pesquisas no Brasil e no exterior – pesquisas de comparabilidade internacional – por sua reconhecida qualidade e excelência. Necessário lembrar que as pesquisas do IBGE sempre nos colocaram em igualdade de condições, sob o ponto de vista da qualidade e confiabilidade dos dados, com os pesquisadores dos países centrais. Com mais de 220 publicações ao ano, o IBGE produz uma verdadeira radiografia do país, em sua diversidade de aspectos (econômicos, sociais, demográficos, políticos, geocientíficos) com dados que são utilizados desde a formulação das políticas macroeconômicas ao cálculo do fator previdenciário, ou para a distribuição de recursos dos royalties do petróleo, passando pela distribuição do FPE e do FPM, tão
essenciais em particular aos pequenos municípios. Assim, o IBGE representa nossa sociedade de forma universal, e não pode ser apropriado por grupos com interesses específicos e pontuais. Antes, deve ser dotado com autonomia, sem qualquer influência ou submissão a interesses de governos ou do mercado, como forma de garantir sua imparcialidade e a confiabilidade dos dados que produz.

Em sua trajetória, o IBGE sempre foi presidido por professores e profissionais vinculados às universidades ou órgãos públicos. As últimas gestões foram de servidores públicos, ainda indicados pelos governos, mas servidores da carreira. Estamos diante de, no mínimo, um conflito de interesses, uma vez que o acesso privilegiado aos dados do IBGE será concedido a uma pessoa ligada diretamente à iniciativa privada. E conflito de interesses é algo detectado a priori: antes que aconteça um problema, é preciso evitá-lo. Se consolidada essa indicação, sempre
restaria viva na sociedade a desconfiança sobre a credibilidade institucional. A diferenciação do IBGE em relação a institutos de mercado reside, justamente, na qualidade e a independência a interesses particulares construídas ao longo dos seus 80 anos de história, assegurada, em grande medida, pela especialização, conhecimento acumulado e compromisso de seu corpo de funcionários. A atual indicação prejudica a imagem de isenção do Instituto. A autonomia técnica do IBGE é imprescindível para manutenção de sua credibilidade, a fim de que se evite
situações como as que ocorreram recentemente na Argentina.

É preciso refletir sobre as condições do órgão e unir a comunidade acadêmica em torno de sua defesa e fortalecimento. Atualmente, 44% dos servidores tem 31 anos ou mais de casa, 1/3 recebe abono permanência (já pode pedir aposentadoria), novos servidores entram nas poucas vagas abertas por concurso público (só em 2014 houve quase 600 aposentadorias) e herdarão a responsabilidade de seguir com a história do IBGE com mais da metade da força de trabalho composta por trabalhadores temporários e instáveis. Um dos bens mais valiosos do IBGE é sua cultura institucional, construída ao longo dos 80 anos por gerações de trabalhadores dedicados à missão do órgão. Em momentos cruciais como esse é de fundamental importância que esta cultura possa ser transmitida e reavivada. Apoiamos a demanda dos trabalhadores pela realização de um Congresso Institucional, no qual o futuro do IBGE possa ser discutido ampla e democraticamente com os servidores do órgão.

Ademais, no caminho para consolidar a autonomia técnica do instituto, a sociedade brasileira e os trabalhadores do IBGE merecem que o governo trate com respeito a reivindicação histórica de que possam eleger o Presidente da instituição para um mandato fixo. Essa reivindicação traduz os anseios da sociedade democrática para que não paire sobre as instituições públicas suspeição alguma sobre sua credibilidade.

Assinam essa nota:

Coletivos:

Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Abrasco
Grupo Interdisciplinar de Estudos Sobre Psicoativos / UFBA
Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura / UFBA

Pesquisadores:

Lívio Sansone / Dep de Antropologia e Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) / UFBA
Lígia Bellini / Historiadora / UFBA
Adalberto Cardoso / sociólogo / professor do IESP-UERJ
Meirilene Rodrigues Maia/ geógrafa/ UESB
Íris Gomes dos Santos / Cientista Política/ Pesquisadora UFBA
Sonia Sampaio / Educadora / UFBA
João Feres Júnior / Cientista Social / Instituto de Estudos Sociais e Políticos – IESP/UERJ
Marcelo Badaró Mattos – Professor do Departamento de História da UFF
Maria Luzia Miranda Álvares / Cientista Política / Universidade Federal do Pará
Annibal Muniz Silvany Neto/Médico Sanitarista/UFBA
Ricardo Salles, historiador, UNIRIO.
Antonio Augusto Passos Videira, professor de filosofia da UERJ
Geraldo Moreira Prado / Historiador / UFRJ
Edilson Fortuna de Moradillo/Químico/Instituto de Química da Ufba
Frederic Vandenberghe / Sociólogo / IESP/UERJ
Fátima Tavares / antropóloga/ UFBA
Antonio Sérgio Alfredo Guimarães / Departamento de Sociologia / USP
José Geraldo Silveira Bueno / Pedagogo / PUC-SP
Edward MacRae / antropólogo / UFBA
Silke Weber / socióloga / UFPE
Celeste Maria Philigret / Faculdade de Economia / UFBA
Georgina Gonçalves dos Santos / Assistente Social / Vice-reitora UFRB
Maria Rosa Lombardi / socióloga / Fundação Carlos Chagas
Edleusa Nery Garrido / Psicóloga / UNEB
Sueli Goulart / Professora em Administração / UFRGS
Virgínia Fontes / historiadora / UFF e Fiocruz
Susana Maria Veleda da Silva / Geografia / Universidade Federal do Rio Grande (FURG)
Ruy Braga / Sociólogo / USP
Maria Cristina C. L. Pereira/professora/FFLCH-USP
Marta Inez Medeiros Marques / Geografia / FFLCH-USP
Ana Elisabeth Rodrigues Faro/ Socióloga/UFBA
Homero Santiago / professor do departamento de filosofia / FFLCH-USP
Lucio José de Sá Leitão Agra / Cecult / UFRB
Sérgio Lúcio Garcia Ramos / Filósofo / ENSP / Fiocruz
José Maurício Domingues / Sociólogo / IESP-UERJ
Luís César Oliva / Filósofo / FFLCH-USP
Pietro Caldeirini Aruto / Economista / IE-UNICAMP
Maik Antunes/Professor/Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais.
Adma Muhana, docente de Literatura Portuguesa, FFLCH-USP
Laura Graziela Gomes / Antropóloga / UFF
Fernanda Aguiar Carneiro Martins / Cinema e Audiovisual /UFRB
Graça Druck / Socióloga / UFBA
Paulo Fontes/Historiador/CPDOC-FGV
Prof. Marcelo Embiruçu / Engenheiro / UFBA
Guilherme Dornelas Camara/ Administração/ UFRGS
Márcio André Fernandes Martins/ Professor DE / UFBA.
Ricardo Dathein/Economista/UFRGS
Ieda Maria Alves – Profa. Titular – FFLCH-USP.
Luiz Antonio Machado da Silva / cientista social / IESP-UERJ
Remo Mutzenberg/Sociólogo/UFPE
Luiz Augusto E. Faria / Economista / UFRGS
Camila Furlanetti Borges /professora-pesquisadora / FIOCRUZ
Marcia de Paula Leite / Socióloga / UNICAMP
Valter Roberto Silvério/Sociólogo/UFSCar
Humberto Miranda / economista / UNICAMP
Manuel Jauará / Sociólogo / UFSJ
Floriano Godinho de Oliveira / Geógrafo / UFRJ
Sean Purdy / Historiador / USP
Danielle Ribeiro de Moraes / médica sanitarista / EPSJV/FIOCRUZ
Renata Rocha / Pesquisadora em Políticas Culturais/CULT-UFBA
Camila Camargo Vieira/ antropóloga/ Nucleo de Artes Afrobrasileiras-USP
Ruda Ricci / Cientista Social / Instituto Cultiva
Ana Luíza Matos de Oliveira / Economista / IE-Unicamp
Jacques-Marie François Depelchin / historiador / UEFS
Deise Mancebo / Psicóloga / UERJ
Laura Cristina Simões Viana / Engenheira / Fiocruz
Iris Kantor / Historiadora / USP
Victoria Puntriano Zuniga de Melo / Ciências Sociais/ Unicamp
Liliana Rolfsen Petrilli Segnini / Cientista Social / Unicamp
Antonio Albino Canelas Rubim / Sociólogo / UFBA
Joannes Paulus Silva Forte / Sociólogo / UNICAMP
Lylia da Silva Guedes Galetti / Historiadora – UFMT
Cristina Massadar Morel / Psicóloga / Fiocruz
Iolanda de Oliveira / Educação / UFF
Paulo Roberto Cardoso da Silveira / Dr. Ciências Humanas / UNIPAMPA
Denise Dias Barros, Terapeuta Ocupacional, USP
Jairo da Matta, Sociólogo, FIOCRUZ
Teresa Peixoto Faria/Arquiteta/UENF
Fernanda Ma. Gonçalves Almeida / pesquisadora da UFBA.
Gloria Meyberg Nunes Costa / Engenheira / UFBA
Paulo Alberto dos Santos Vieira / Economista / UEMT
Elena O’Neill / Historiadora da Arte / UERJ
Adriana Abelhão / Economista / Biblioteca Popular de Itaquaciara Dona Nélida
Vanicléia Silva Santos – Historiadora-UFMG
Gleisse Kelly Meneses Nunes, Bióloga, Fundação Oswaldo Cruz
João Tude / Administrador / UFBA
Jaenes miranda alves/ Economista /UESC

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