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50 anos do PPG-SP/ENSP/Fiocruz: formação crítica em defesa do SUS, da democracia e dos direitos sociais

Numa história que se mistura com os caminhos do país na luta e consolidação do direito à saúde e de demais políticas sociais, o Programa de Pós-graduação em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (PPG-SP Ensp/Fiocruz) celebrou 50 anos de atividades em 29 de novembro de 2017.

O auditório térreo da Ensp ficou pequeno para os mais de 400 convidados, entre docentes, funcionários, alunos, ex-alunos e ex-coordenadores. Eles participaram de um dia intenso em atividades e afeto, da mesa de abertura com a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, às homenagens e o bolo com parabéns, como traz a matéria “PPG-SP/Ensp/Fiocruz celebra cinquenta anos com debate e inovações”, de Pedro Leal David, do Informe ENSP.

Passado o evento e as atividades de fim de ano, Cristiani Vieira Machado, coordenadora do PPG-SP Ensp/Fiocruz junto com Simone Santos Oliveira e Edinilsa Ramos de Souza, conversou com a Comunicação da Abrasco sobre a alegria e a responsabilidade do aniversário e os rumos que orientam o momento presente do Programa e e apontam para as próximas décadas, condensados no documento comemorativo Pesquisa, Ensino, Compromisso Social: 50 anos do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública. “Continuamos na luta em prol da democracia, do SUS e dos direitos sociais que haviam sido expandidos a partir de 1988 e agora estão sob graves ameaças. O Programa seguirá apostando na formação dos jovens em uma perspectiva crítica e de defesa da saúde pública, da educação pública e da produção acadêmica qualificada e comprometida com a transformação social”.

Abrasco: O documento comemorativo sintetiza a trajetória do Programa de Pós-graduação em Saúde Pública (PPG-SP) e apresenta sua atual reestruturação. Como entender as mudanças propostas frente à história e aos desafios postos no futuro?
Cristiani Vieira Machado: Desde a sua criação, o Programa cresceu e se diversificou, em termos do perfil de docentes, demanda de alunos e temas estudados. O aumento do número de áreas de concentração – de duas quando lançado o primeiro regimento, em 1978 até chegar a oito áreas, em 2010 – expressa esse crescimento e diversificação. Mesmo após a criação de novos PPG na Escola, o número de áreas no PPG-SP não diminuiu. A partir de 2011, iniciou-se um processo de reestruturação, tendo como propósito principal o fortalecimento da formação diante dos novos desafios do campo. Na pauta desse processo estavam mudanças curriculares, a atualização do regimento e a reestruturação das áreas de concentração.

A participação de dezenas de docentes culminou em mudanças curriculares na formação do Mestrado, a partir de três eixos formativos: complexidade dos processos saúde-doença e do cuidado em saúde; relação entre Estado e sociedade na construção de políticas públicas de saúde; organização e funcionamento de sistemas, serviços e práticas de saúde. Esses eixos orientaram a proposição de disciplinas obrigatórias para todos os alunos desse curso, a partir da turma de 2014. Neste mesmo ano entrou em vigor o novo regimento, que trouxe inovações, como a introdução das eleições para a coordenação do Programa e representantes docentes da CPG.

Em um segundo momento, entre 2015 e 2017, o debate voltou-se para a revisão das áreas de concentração, com o intuito de reduzir a fragmentação e fortalecer a formação dos alunos. Esse processo resultou na migração de duas áreas de concentração para o Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente e na reconfiguração das demais seis áreas em três grandes concentrações: (a) Determinação dos Processos Saúde-Doença: Produção/Trabalho, Território e Direitos Humanos; (b) Políticas, Planejamento, Gestão e Cuidado em Saúde; e (c) Sociedade, Violência e Saúde. Houve o entendimento de que a divisão clássica do campo da Saúde Coletiva não daria conta da complexidade dos problemas e desafios a serem enfrentados na contemporaniedade. Essas três áreas de concentração são interdisciplinares e interdepartamentais, envolvendo cerca de 100 docentes credenciados ao Programa, e dezenas de outros participantes.

Abrasco: O PPG-SP é um dos programas de maior porte e prestígio dentro do campo da Saúde Coletiva, tendo contribuído para a formação de mais de 1600 mestres e mais de 600 doutores nesses 50 anos. Como você percebe o papel e a responsabilidade do Programa no contexto da pós-graduação brasileira?
Cristiani Vieira Machado: Ao longo desses 50 anos, a Pós-Graduação brasileira expandiu-se em vários campos do conhecimento, incluindo no da Saúde Coletiva. Atualmente existem mais de 80 PPG em Saúde Coletiva credenciados pela Capes, embora a distribuição seja muito desigual no território nacional.

Em que pese essa expansão, nosso Programa continuou a receber alunos de todo o país, demonstrando grande poder de atração. A partir dos anos 2000, expandiu sua atuação por meio de cursos em parceria com outras instituições de ensino e pesquisa – os mestrados e doutorados interinstitucionais – principalmente voltados para a formação nas regiões Norte e Nordeste. Cursos internacionais, com ênfase nas parcerias com outros países da América do Sul e do continente africano falantes da língua portuguesa, também foram fortalecidos. Esse conjunto de iniciativas demonstra a vocação nacional e internacional do PPG-SP, consoante com a missão da Ensp e da Fiocruz.

Abrasco: Como o PPGSP- ENSP/Fiocruz se imagina nos próximos 50 anos?
Cristiani Vieira Machado: Cinquenta anos é muito tempo… é difícil fazer projeções para um período tão longo. Um dos aspectos fascinantes nesse Programa é que, apesar de antigo e imenso, ele tem se mostrado extremamente dinâmico e com grande capacidade de mudar, à luz dos novos desafios do campo da Saúde Coletiva, do Sistema Único de Saúde e do sistema de C&T.

Nos próximos dois anos, planejamos aprimorar a formação do doutorado, considerando as várias facetas do “ofício” de doutor em Saúde Pública: professor, pesquisador, orientador, gestor do sistema público, profissional de saúde. Isso requer a expansão de experiências, como o estágio em docência e a oferta de disciplinas que possibilitem diferentes itinerários formativos, bem como o estímulo à participação discente em outras atividades relevantes à formação, como a organização de eventos acadêmicos.

Em médio prazo, temos o compromisso de continuar atuando por meio de parcerias interinstitucionais voltadas para a formação de doutores em outras regiões do país – especialmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste – e com outros países da América Latina e África.

Além dessas parcerias, o Programa continuará investindo em estratégias de internacionalização com diferentes centros de ensino e pesquisa das diversas regiões, incentivando intercâmbios e cooperação na área do ensino, da pesquisa, da produção acadêmica e do fortalecimento dos sistemas públicos de saúde.

Assista ao vídeo de comemoração dos 50 anos do PPG-SP/Ensp/Fiocruz, com depoimentos de coordenadores em diversos momentos do Programa:

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