Multilateralismo é um termo utilizado no âmbito das Relações Internacionais para descrever a articulação de diversos países e nações sobre temas que envolvem (ou deveriam envolver) todos os povos. O painel “Multilateralismo e Saúde”, que aconteceu ontem (22/4) na Ágora Abrasco, discutiu algumas perspectivas sobre o cenário internacional diante da pandemia da Covid-19. Luis Eugenio de Sousa, integrante do Conselho Deliberativo da Abrasco e professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA coordenou o debate, e as exposições foram de Paulo Esteves, Diretor do BRICS Policy Center (PUC/RJ); Deisy Ventura, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e presidente da Associação Brasileira de Relações Internacionais; e Paulo Buss, diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde da Fiocruz.
Paulo Esteves iniciou o painel explorando a questão “O multilateralismo está em crise?”. O pesquisador explicou as relações entre unipolaridade multipolaridade, e multilateralismo: quando há transferência de poderes, de uma hegemonia norte-americana para uma distribuição maior de poderes entre outros países, fenômeno que aconteceu a partir dos anos 2000, o multilateralismo também é afetado. Ele cita como consequências deste jogo político mundial a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em 2015, com participação ampla de vários países. Este contexto foi abalado, no entanto, em 2016 – com a eleição de Donal Trump nos Estados Unidos, o Brexit no Reino Unido e o crescimento da extrema direita em outras partes do mundo.
Este é o contexto em que a pandemia chegou, com o multilateralismo abalado. Além da crise sanitária, Esteves abordou dois possíveis cenários – do ponto de vista econômico: “A primeira aposta é uma crise temporária, que terminaria nos meses de maio e junho, e apontaria para uma recuperação da China ainda em 2020, dos EUA também em 2020, mas mais para o final do ano, e da União Europeia em 2021. Se essa crise se prolongar até junho, a China só se recupera em 2021, EUA em 2023, assim como UE. Teríamos uma crise econômica de maior duração, no cenário internacional”, explicou.