A emergência sanitária do Zika só confirma para a sociedade que as doenças e os agravos são e serão cada vez mais globalizados. Felizmente, a produção e a disseminação de conhecimento também são. Diversas universidades e centros de estudo no mundo todo estão juntando esforços para compreender a dinâmica da doença, suas consequências na Saúde Pública e relações com saneamento básico, promovendo debates e eventos. Nesta sexta-feira, 04, é a vez da Harvard TH Chan School of Public Health promover um debate online sobre a epidemia.
Batizada de The Zika Crisis: Latests Findings, a atividade contará com a participação de Anthony Fauci, diretor do National Institute of Allergy and Infectious Diseases, ligado ao National Institutes of Health (NIH); de Nils Daulaire, ex-secretário para assuntos globais do Department of Health and Human Services (similar ao Ministério da Saúde) e dos professores Ashish Jha, diretor da Escola e responsável da cadeira de Saúde Global, e Marcia Castro, da cadeira de Demografia e integrante do comitê de estudos brasileiros da instituição. A moderação será de Julie Steenhuysen, jornalista de Saúde e Ciência da Agência Reuters.
Segundo Marcia Castro, docente da Harvard desde 2006, a instituição, bem como demais universidades norte-americanas, tem acompanhado de perto a questão do Zika. “Houve um fórum promovido pela Kennedy School of Government (também ligada à Universidade Harvard) e vários professores já se manifestaram em jornais, rádios e revistas científicas. Alguns focam mais na questão dos sistemas de saúde, outros nas respostas emergenciais. As perspectivas são variadas, e o interesse é grande”, explica ela, que vem colaborando diretamente com um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza (CE) no rastreamento e análise demográfica dos casos de dengue, chikungunya e zika.
Os fóruns da Harvard TH Chan School of Public Health já são realizados desde 2010 e debatem regularmente temas da realidade nacional norte-americana e mundial, como o impacto das eleições de Barack Obama no sistema de saúde até as últimas evidências de câncer relacionadas ao consumo de carne vermelha. A interação com público é por perguntas encaminhadas anteriormente e via Twitter. Os webcasts ficam disponíveis na internet, com transcrição integral em inglês. “A intenção é gerar o debate e trazer informação correta, pois há muitos dados equivocados circulando nas redes. Acho que esses eventos podem ter um papel importante pelo alcance”, resume Marcia, destacando o regular uso dos programas nas sala de aula da Harvard, promovendo assim a mobilização e o conhecimento para além do espaço da internet.