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Democracia é saúde: no Brasil, na Colômbia, no mundo

Se a recente eleição no Brasil sopra esperança e ideias de reconstrução para o mundo, o mesmo acontece na Colômbia, com seu novo governo progressista – bons ventos na América Latina. Esse foi o eixo do grande debate “Democracia é saúde no Brasil e no planeta Terra” na noite de 21 de novembro. Carolina Corcho, ministra da Saúde e Proteção Social da Colômbia, dialogou com Deisy Ventura, pesquisadora da USP, e Ernesto Bascolo, da OPAS. Maurício Barreto, presidente de Honra do Abrascão 2022, coordenou a mesa. 

A Colômbia tem um sistema de saúde completamente financiado pelo Estado, mas gerenciado pelo mercado privado. O descontrole do governo sobre os recursos públicos para a saúde tem resultados desastrosos: segundo Corcho, há um deserto no acesso à saúde na “Colômbia profunda”, zonas rurais e interioranas, iniquidades em saúde e mais de 80% dos trabalhadores da saúde foram submetidos à condições precárias. Agora, no entanto, o cenário é otimista.

“Estamos vivendo o que temos denominado de uma transição democrática. O processo de paz total com as FARC, e também a chegada de um governo progressista, abre a possibilidade para discutir direitos, como a saúde. Juntamente com diversas organizações de trabalhadores, indígenas, movimentos sociais, estamos construindo um projeto alternativo que coloque a saúde como direito fundamental. A prioridade é trabalhar para paz total, justiça social e econômica, e, assim, reconstruir a infraestrutura de saúde na Colômbia abandonada”, disse a ministra. 

No Brasil, o momento também é de planejamento, futuros possíveis. Mas é importante ter memória. As quase 700 mil mortes por Covid-19 – em sua maioria evitáveis – não foram acaso. Deisy Ventura pontuou que o país foi um laboratório de “neoliberalismo epidemiológico”, de uma forma brutal e explícita. “O Estado não pode matar a sua população, não pode apontar imunidade de rebanho por contágio como forma de resposta à emergencia. A propaganda contra a saude pública feita pelas autoridades tem que ser punida”. 

Ventura é uma das pesquisadoras responsáveis por relatórios que evidenciam a negligência – e ainda, a interferência negativa – do governo federal diante da crise sanitária. “Nós não podemos deixar essa história ser esquecida, a pandemia é um tema de saúde, sem dúvida, mas de memória, de verdade e de justiça. E, agora, vamos reconstruir a ordem que foi devastada nesses quatro anos”. Seus estudos tiveram um papel central na CPI da Covid-19, que investigou a atuação do governo Bolsonaro no contexto. Ao fim da fala, foi ovacionada pela plateia.  

Ernesto Bascolo sinalizou que o momento atual também requer reflexão crítica  sobre o que vivemos. “Os processos coletivos não estão dados, não estão escritos. Esses processos são contraditórios, e a contradição faz parte do processo coletivo”. 

Assista ao debate completo, na TV Abrasco: 

 

 

 

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