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Descaso do Brasil diante da explosão de casos da variante Ômicron repercute na imprensa

Letícia Maçulo

O número de novos casos de Covid-19 cresceu de 3.000 para 189.000 desde o dia 24 de dezembro de 2021. Especialistas da Abrasco foram ouvidos para dimensionar os efeitos desse aumento de casos e dos erros cometidos pelo Brasil no combate à pandemia. Em janeiro, a média diária de mortes cresceu  566%.

Em Entrevista para a UOL Notícias, a presidente da Abrasco, Rosana Onocko,  destacou a importância de uma  cobertura vacinal homogênea no país e maior controle de aglomerações:  “Sem dúvida essa taxa de vacinação deveria ser maior, e além disso não temos uma imunização homogênea da vacinação: há cidades e regiões do país sem 40% de cobertura”, afirma. “Temos bares, festas e jogos de futebol. Suspenderam só o carnaval, mas todo resto seguiu. Ainda demoramos propositalmente o início da vacinação das crianças, e elas estão começando as aulas sem a devida proteção.”, completa. 

Também ouvida pelo portal, a presidente do 11º Congresso Brasileiro de Epidemiologia da Abrasco, Lígia Kerr reforçou a importância das medidas já conhecidas para contenção do vírus, alertando para a alta taxa de transmissão: “Apesar de muitos pesquisadores e jornais – tanto agora, como naquela época – estarem cheios de notícias assustadoras sobre o vírus, todos reduziram as medidas de precaução. Infelizmente, os números de casos e óbitos devem continuar aumentando por mais algum tempo antes de estabilizar e reduzir. Isto tudo, se não houver uma variante pior, como aconteceu com a influenza, em 1920″, avalia.

O abrasquiano e professor em saúde pública da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), Alcides Miranda, lembra ainda que, apesar das taxas não serem as ideais, a vacinação contribui para o controle da crise sanitária. “Não fora a cobertura vacinal já alcançada, estaríamos lidando com uma catástrofe e o inevitável colapso dos serviços de saúde”, comenta.

Em entrevista para o portal Outras Palavras, o abrasquiano Cláudio Maierovitch reforçou a importância da vacinação para a diminuição do número de mortes, que poderia ser ainda maior.  “Olhando o que foi a pandemia no início de 2021, quanto mais tempo ficássemos sem vacinas, mais mortes nós teríamos. Graças à vacinação, a partir da metade de 2021, começaram a diminuir as internações hospitalares”, afirmou. 

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