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Dia mundial sem tabaco: Brasil registra queda no consumo da substância entre adultos

Letícia Maçulo

O consumo de tabaco vem caindo no Brasil. Dados do Vigitel/2019 apontam que o percentual de fumantes com mais de 18 anos no Brasil caiu de 14,7%, em 2013, para 12,6% em 2019. Além da diminuição do percentual de tabagistas, houve um aumento de 52% na proporção de pessoas que largaram o vício. Diante de uma das mais graves pandemias da história, causada por uma doença do trato respiratório, os números aliviam, justamente por fumantes apresentarem um risco maior de agravamento da doença.

Para Tania Cavalcante, Secretária Executiva da Comissão Nacional para Implementação da Convenção Quadro da OMS para Controle do Tabaco (CQCT/OMS), a queda desses índices sinaliza um bom funcionamento nas políticas de enfrentamento. Signatário da convenção desde 2005, o Brasil já adotou medidas intersetoriais de enfrentamento do tabagismo no país, com participação, inclusive, da Receita Federal para controle de impostos e taxações sobre os produtos. 

Tania Cavalcante recebeu recentemente uma Premiação do Dia Mundial Sem Tabaco da OPAS/OMS por sua atuação na luta para o controle do consumo de tabaco no Brasil e por sua atuação de impacto global na implementação da Convenção-Quadro da OMS para o Controle do Tabaco (CQCT). Para a oncologista, o prêmio é simbolicamente importante para fortalecer a luta coletiva contra o consumo de tabaco no Brasil. “Essa política de saúde foi e é movida pela energia da indignação que brota e brotou do coração de muitos, diante da pandemia do tabagismo. Uma velha pandemia que apesar de altamente evitável se arrasta por décadas tendo como causa, não um vírus, mas a virulência de um negócio bastante lucrativo que deixa um rastro de 8 milhões de mortes anuais no mundo, 162 mil no Brasil.” afirma.

As políticas voltadas para controle do consumo de tabaco também foram importantes para diminuir a mortalidade da população. “A política de estado vem dando resultados claros na redução da proporção de fumantes e impactando positivamente a mortalidade por doenças causadas pelo tabagismo” afirma a médica do INCA. 

Mas essa queda de consumo entre adultos não se transfere para a população mais jovem. Dados da mesma pesquisa indicam uma estagnação clara na queda de fumantes de 18 a 24 anos. Para Tania, isso pode sinalizar uma tendência de aumento no número de jovens começando a fumar. “Essa tendência é preocupante porque sabemos que esse é o principal alvo dos fabricantes de cigarros e novos produtos como o cigarro eletrônico”. O tabagismo é, hoje, considerado uma doença, prevista na classificação internacional de doenças da OMS, como dependência química. 

Mas além disso, o consumo de tabaco é considerado também uma doença pediátrica, justamente por crianças começarem a fumar antes dos 18 anos de idade. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019, a idade média de iniciação no Brasil é 15 anos. “Esses números nos acendem um sinal amarelo e nos dizem que precisamos investir, e muito, em medidas de prevenção.” 

Esse investimento, porém, requer maior disposição de renda para as políticas de prevenção e também uma reforma tributária que delimite uma porcentagem do lucro das empresas da indústria do tabaco.  A venda de cigarros, narguilés, cigarros eletrônicos e outros derivados adoecem a população, elevam os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) e geram lucro para grandes farmacêuticas, num ciclo vicioso. “Com um maior recurso, seríamos capazes de ampliar políticas de prevenção do consumo entre jovens, aumentar a rede tratamento para quem quer deixar de fumar, oferecer alternativas aos agricultores que estão na cadeia produtiva do tabaco e são tão vítimas quanto os fumantes e implementar um protocolo para eliminar o mercado ilegal de produtos do tabaco no país” afirma a médica. 

Confira as atividades da OMS para o Dia Mundial sem Tabaco:

Atividades vão abordar temas como: tabagismo, pandemia, reforma tributária e mais.
Confira abaixo!
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