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Dossiê Abrasco no centro dos debates e ações no dia internacional de luta contra os agrotóxicos

Com atividades realizadas em mais de 20 cidades e no Distrito Federal, militantes, pesquisadores e ativistas da Saúde Coletiva, da Agroecologia e dos movimentos ligados à terra e ao consumo foram às ruas e aos debates se manifestarem contra o uso desenfreado dos agrotóxicos e a favor de  incentivos a outros modelos de desenvolvimento e formas de produção e por um posicionamento firme do governo federa, pela aprovação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (Pronara). Mais uma vez, o Dossiê Abrasco serviu de catalisador e de agente mobilizador de boa parte dessas atividades, mostrando o papel da ciência quando comprometida com a sociedade e com outras formas de viver e de produzir distintas das apregoadas pelas grandes empresas.

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), procuradores do Ministério Público e ativistas da Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e Pela Vida estiveram presentes em uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados na manhã do dia 03. Do time de autores do Dossiê Abrasco, participou Fernando Carneiro, atualmente na direção da Fiocruz Ceará, e Marcia Scarpa, do INCA.

O debate foi solicitado pelo deputado Augusto Carvalho (SD-DF), da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Casa Legislativa, que além de ouvir e ter acesso às informações do Dossiê, ficou alarmado com os efeitos que os venenos causam à saúde, de irritações na pele, vômitos e alergias, passando ao Mal de Parkinson e a diversas formas de Câncer. Questões econômicas e sobre o modelo agroexportador também foram abordadas.

Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, ativistas fizeram o debate no auditório do Ministério Público do Trabalho, com a participação de Cleber Folgado, pesquisador associado da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) e um dos autores do Dossiê.

Manifestações de rua ocorreram em Brasília, na entrada do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, que recebia a 15ª Conferência Nacional de Saúde (15ª CNS) e em diversas capitais, como no Recife, onde militantes se manifestaram e artistas da Trupe Circo Luz encenaram esquetes sobre os perigos dos agrotóxicos na saúde da população e dos agricultores e agricultoras.

Produção científica engajada: Lançado sua primeira parte em versão eletrônica em 2012, durante o congresso World Nutrition, no Rio de Janeiro, e novamente nesta cidade, sua versão impressa, compilada e atualizada, em abril deste ano, o Dossiê Abrasco – um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde promoveu uma verdadeira caravana em todo o país em nome do debate e da tomada de consciência sobre o tema. Mais de 30 lançamentos, entre atividades acadêmicas em universidades e tribunais, e culturais, em bares e praças reuniram milhares de pessoas. Todo esse manancial de informação foi replicado em diversas matérias pela imprensa escrita, radiofônica e televisiva, abordando dos riscos à corpo humano, à soberania alimentar, à terra, `a vida como um todo.

Para Marcelo Firpo, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz), coordenador do Grupo Temático Saúde e Ambiente (GTSA/Abrasco) e um dos autores do Dossiê, a pauta dos agrotóxicos tem sido estratégica para uma nova forma de pensar, produzir conhecimento e atuar no campo da Saúde Coletiva. “O conhecimento científico aliado com a vida e a defesa da saúde do povo – que é ou deveria ser um valor central da Saúde Coletiva – é fundamental para uma análise mais independente do problema”, disse ele, ressaltando que o Dossiê materializou o trabalho de diálogo e de convergência produzido e proporcionado no interior da Associação entre diversos GTs, como Saúde e Ambiente, Saúde do Trabalhador, Alimentação e Nutrição, Promoção da Saúde e Educação Popular. “Desde então, a forma como vem se dando a participação da Abrasco em processos os mais diversos segue essa proposta de diálogo democrático em torno de agendas e de processos emancipatórios”, explicou Firpo, abordando também a participação da Associação nos debate da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO) e na luta pela aprovação do Programa Nacional de Redução de Agrotóxicos (PRONARA).

Já Leonardo Melgarejo, presidente da Associação gaucha de proteção ao ambiente natural (AGAPAN) e coordenador do GT agrotóxicos e transgênicos da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e também autor da obra, destaca que o Dossiê possibilitou que o problema dos agrotóxicos deixasse de ser percebido como uma coisa distante, ligado apenas à agricultura e restritos as áreas e populações rurais.  “Com o Dossiê a sociedade passou a se confrontar com um novo problema de saúde, que é de todos: o veneno está na mesa e chega a todas as mesas porque os alimentos se tornaram mercadorias que não merecem confiança”, afirma ele, ressaltando que a forma capilar promovida pelas associações, redes, campanhas e militâncias em geral desafiou os profissionais da saúde e de demais áreas a se responsabilizarem socialmente na busca de superação do uso dos venenos em nossas lavouras. “A sociedade deve ser informada disso,  para bem orientar suas decisões de compra e consumo, porque é vítima e que pode demonstrar sua insatisfação com o modelo de produção dominante e com as mercadorias que dali resultam.”

Leia abaixo as entrevistas na íntegra:

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“A pauta dos agrotóxicos tem sido estratégica para uma nova forma de pensar, produzir conhecimento e atuar no campo da Saúde Coletiva”, diz Marcelo Firpo

 

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“Os profissionais da área da saúde foram desafiados a assumir um papel politico sobre os agrotóxicos”, diz Leonardo Melgarejo

 

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