Para aproveitar o encontro proporcionado pela 22ª Conferência Internacional de Promoção da Saúde, abrasquianos do Grupo Temático Saúde e Ambiente (GTSA/Abrasco) e demais pesquisadores reuniram-se em 23 de maio para anunciar os avanços da versão latina do Dossiê Abrasco: impactos dos agrotóxicos na saúde.
O encontro foi aberto por Fernando Carneiro, diretor da Fundação Oswaldo Cruz no Ceará (Fiocruz/CE), que repassou os dados dos agrotóxicos no país: intoxicações na faixa dos 40% das culturas; disseminação do glifosato, reconhecidamente carcinogênico para animais e com evidências para humanos, segundo a agência internacional dedicada ao tema (IARC/OMS) e responsável sozinho por 40% dos agrotóxicos consumidos no campo brasileiro.
“Vivemos uma hegemonia completa. Se tínhamos um governo com contradições, hoje temos um governo hegemonizado pelo agronegócio”, disse Carneiro, comentando do desmonte da equipe do Programa de Redução de Agrotóxicos (PARA/Anvisa) e destacando trechos do documento apresentado pelo GTSA/Abrasco sobre a crise política à 22 ª Conferência Internacional de Saúde.
Lia Giraldo, pesquisadora e professora da universidade de Pernambuco (UPE), falou das próximas etapas da produção brasileira, relacionando o uso indiscriminado dos larvicidas no combate ao Aedes aegypti a produção de um novo capítulo do Dossiê, voltado para as contaminações urbanas. “Insistimos há 30 anos nesse controle vetorial sem nenhuma medição”, ressaltou.
Reitor da Universidad Andina Simon Bolivar, Jaime Breilh destacou que o atual momento ideológico é grave e se repete em diversos países latino-americanos. Para ele, “não é possível a criação de sistemas nacionais de saúde sem uma efetiva Reforma Agrária e Extrativa. Podemos ter os melhores hospitais, os melhore profissionais, mas sem essas reformas manteremos os problemas”. Depois falou da necessidade de fraternidade na produção científica internacional e ressaltou o processo de tradução e desenvolvimento de novas pesquisas para a versão latina do Dossiê.