Neste 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, a presidente da Abrasco, Gulnar Azevedo e Silva, concedeu uma entrevista ao portal Brasil de Fato. A epidemiologista, que desenvolveu pesquisas sobre a doença, afirmou que é possível prevenir e diminuir os casos de câncer – segunda causa principal de morte mundial. Para isso, no entanto, é preciso promoção da saúde: políticas públicas antitabagismo, consumo de álcool moderado, prática de atividade física, consumo de alimentos saudáveis e redução da exposição a agentes químicos, como agrotóxicos. Leia trechos da matéria:
Em um estudo no qual Silva é coautora, “A fração do câncer atribuível às formas de vida, infecções, ocupação e agentes ambientais no Brasil em 2020″, verificou-se que o baixo consumo de alimentos saudáveis, como frutas e vegetais, associado a outros fatores catalisadores, é responsável por 8% de determinados cânceres em homens e 6%, em mulheres, como de cavidade oral, estômago, esôfago, laringe e pulmão. De acordo com Silva, é possível evitar 42%, entre homens, e 34%, em mulheres, o número de casos de câncer se todos os fatores ligados ao risco de desenvolvimento da doença forem mitigados.
Outra causa que entra nesta conta e está diretamente relacionada à alimentação é o uso de agrotóxicos. “Não há dúvida de que profissionais que trabalham diretamente com isso e se expõem ao agrotóxico têm uma associação maior [com o desenvolvimento de câncer]. E na população, como um todo, também há risco”, afirma Silva. Na mesma linha, segundo um relatório do INCA, “estudos vêm mostrando o potencial de desenvolvimento de câncer relacionado a diversos agrotóxicos”.
Ainda assim, nos dois primeiros anos do governo de Jair Bolsonaro, cerca de 945 agrotóxicos foram liberados, sendo parte deles considerados de alta periculosidade para a saúde humana e o meio ambiente.
“Se a gente pode diminuir em quase 50% casos atuando em fatores que são preveníveis, a população deve entendê-los: o modo de vida sem tabagismo, o álcool moderadamente consumido, atividade física, alimentação e nutrição e exposição a agentes químicos”, enfatiza a presidente da Abrasco.