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Em MG triplicam intoxicações por agrotóxicos

Hara Flaeschen sob supervisão de Vilma Reis | Informações de O Tempo

Os pesquisadores Luiz Cláudio Meirelles e André Burigo, do GT Saúde e Ambiente da Abrasco, foram entrevistados pelo jornal O Tempo, de Minas Gerais, sobre os altos números de intoxicação por agrotóxicos no estado. Leia trechos:

Entre as consequências do uso de agrotóxicos no Brasil e em Minas Gerais estão as intoxicações agudas. Em 2008, foram registrados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) 181 casos de intoxicação aguda por agrotóxico agrícola em Minas Gerais. Em 2017, esse número foi de 625 casos, um crescimento de 254%.
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Para o pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), da Fiocruz, Luiz Cláudio Meirelles, a toxidade dos pesticidas aprovados nos últimos registros no país pode estar relacionada com o aumento de casos de intoxicação. “Não temos estudos comprovando, mas o registro de substâncias consideradas altamente tóxicas pode influenciar o aumento de intoxicações. E um aumento, inclusive, de intoxicações agudas, de quem tem contato com o produto e passa mal no outro dia. Não envolvem os casos de câncer, por exemplo, que são outro problema grave”, diz. No Brasil, o número de intoxicações agudas por agrotóxicos mais que dobrou em uma década. Passou de 2500 em 2008 para 5238 em 2017.
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Faltam produtos para controle das pragas nos orgânicos

Opção ao modelo convencional de agricultura, que se baseia em maquinários, fertilizantes, agrotóxicos e sementes produtivas, a agricultura orgânica e agroecológica padece de falta de produtos de controle de pragas. Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em 2018, foram 450 produtos aprovados, só 17 permitidos para a produção orgânica, 3,7% do total. “Não é possível encontrar no país defensivos biológicos para a produção agroecológica. Minha plantação de repolho foi atacada por lesmas, e perdi a produção”, critica a advogada e pequena produtora Adriana Alves do Valle.

Ela conta que não conseguiu crédito para iniciar a produção. “Busquei dois bancos, e ambos solicitavam que eu já não tivesse renda com o negócio. Uma delas pediu R$ 200 mil de renda anual. Isso não é viável para um pequeno produtor”, conta.

“Faltam linhas de financiamento para a produção orgânica e agroecológica no Brasil, enquanto não falta para comprar agrotóxicos”, afirma o pesquisador e nutricionista do Instituto Brasileiro em Defesa do Consumidor (Idec) Rafael Arantes. “Em alguns bancos, o crédito é liberado mais facilmente quando envolve compra de agrotóxicos”, diz o pesquisador da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) André Burigo.

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