Durante o debate “Emergências em Saúde Pública, o SUS e o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária” que aconteceu na segunda-feira, 28 de novembro, primeiro dia de atividades científicas do 7º Simbravisa, o diretor-presidente da Anvisa, Jarbas Barbosa falou das grandes crises de saúde mundiais ou mesmo localizadas, e alertou as agências para evitarem medidas irracionais, pois estas provocam grande comoção nas populações sem levar necessariamente ao fim dos problemas. Ele citou o exemplo da epidemia de Influenza, contra a qual tanto os países que adotaram medidas radicais quanto aqueles que foram mais contidos tiveram ocorrências semelhantes.
Para Jarbas, as agências têm de se apoiar nas medidas que são mais efetivas, evitando aquelas exageradas e sem fundamentação técnica. “Há que se ter cuidado, pois a desmoralização pode não ser só da medida adotada como das autoridades. As medidas técnicas têm de ser sustentadas durante todo o tempo da emergência”, disse ele.
Jarbas afirmou que a Comunicação de Risco exerce papel fundamental na efetividade das medidas, citando as plataformas de compartilhamento de informação entre agências como um mecanismo muito importante para o manejo das crises. Sobre a circulação de informações durante as emergências, o diretor-presidente salientou que a redundância é até mesmo desejável nesses períodos: “Quanto mais redes para detectarmos problemas, melhor. Se a informação puder entrar por dez canais, mais rápido chegará a quem tem de tomar as decisões. Na Anvisa, estamos estabelecendo mecanismos de acompanhamento para que todas as informações sejam compartilhadas o mais rápido possível”.
O debatedor Cláudio Maierovitch, do Ministério da Saúde, ponderou que a Anvisa tem personalidade complexa: ao mesmo tempo registra produtos, coordena o sistema de vigilância, promove a saúde e fiscaliza fronteiras. Assim, esta complexidade aumentaria os desafios frente às emergências em Saúde Pública. “Nas grandes crises pelas quais já passamos, sempre trabalhamos com grande improviso”, disse ele. “A vigilância em saúde tem tecnologias de enfrentamento mais precisas que necessitam ser absolvidas pela vigilância sanitária para que o trabalho desta não pareça sempre um ‘recomeço’ “, afirmou Maierovitch.
Jarbas disse que o papel dos gestores é em primeiro lugar compreender bem como funciona o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), para que a sociedade também possa entender o que está ocorrendo durante um enfrentamento de crise. “A avaliação de um risco é sempre complexa. Não podemos, por exemplo, usar o risco sanitário para alegar que um produto ou serviço não deve ser usado. Temos que dizer claramente qual a base científica para tomar determinada decisão”.
(Publicado originalmente aqui, no Portal Anvisa)