Mais de 1600 pessoas circularam pela UERJ ao longo do VI Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Abrasco. Em cinco dias de congresso, houve 38 Mesas Redondas, 23 palestras, 6 Grandes Debates, além de Cursos, Oficinas, reuniões e atividades culturais. Quase todos os estados brasileiros foram representados em trabalhos aprovados, numa circulação genuína de diálogos e saberes, como refletia o tema do evento.
Na Cerimônia de Encerramento, na tarde de domingo, 17, na Capela Ecumênica da UERJ, houve homenagens póstumas a Cecília Donnangelo (1940–1983), Juan César Garcia (1932-1984) e Ricardo Bruno Mendes Gonçalves (1947-1996). Além destes, a Comissão do congresso homenageou Hésio Cordeiro, Maria Cecília Minayo, Madel Luz, Maria Andrea Loyola e Ana Maria Canesqui pelo trabalho desenvolvido, com a Abrasco, no campo da saúde coletiva. Foi entregue, a cada um, o livro Gênesis, o mais recente trabalho do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. A mesa foi composta por Roseni Pinheiro, Kenneth Camargo Jr., Luis Eugenio Souza e Leny Trad.
Leny Trad apresentou a nova Comissão de Ciências Sociais da Abrasco: Tatiana Gerhardt (UFRGS) será a nova coordenadora e terá como vice-coordenadores Luís Eduardo Batista (SES/SP), Reni Aparecida Barsaglini (UFMT) e Maria Helena Mendonça (Fiocruz). O presidente da Comissão Organizadora Nacional, Kenneth Camargo pontuou que ‘a gente ainda nem conseguiu fechar nosso plano diretor, mas conseguimos fazer com que o que temos funcione’, brincou. Roseni Pinheiro, vice-presidente da Comissão Organizadora, agradeceu ao reitor da Uerj, Ricardo Vieiralves de Castro, por ter disponibilizado o espaço para a realização do evento.
Finalizando a cerimônia, o presidente da Abrasco, Luís Eugênio Portela, falou do sucesso do evento e informou que três moções de apoio foram assinadas pelos participantes do Congresso, são elas: a Moção em Defesa da Vida e da Saúde contra o Agro (Negócio)Tóxico; a Moção de Apoio à Carreira Única para Sanitaristas; e a Moção de Apoio à Aprovação do Marco Civil da Internet.
Ainda em seu discurso, Luis Eugenio falou sobre apoio para a realização de eventos, autonomia e independência. “Existem muitos gastos para a realização de pesquisas e de atividades. É tudo muito elevado. Mas nós estamos buscando formas de sustentar esse trabalho com as nossas próprias pernas, para garantir nossa autonomia política. Nós temos conseguido realizar nossos Congressos sem apoio do setor privado. Muitas empresas procuraram a gente para patrocinar nossos eventos. Nós agradecemos, mas negamos todas. Estamos sempre em busca da nossa independência.”
Homenagens Póstumas
Cecília Donnangelo, Juan Garcia, Ricardo Bruno
Cecília Donnangelo (1940–1983) Maria Cecília Ferro Donnangelo, que atuou no Departamento de Medicina Preventiva/FM/USP, foi pioneira na construção teórica de um pensamento social em saúde. Publicou o clássico “Medicina e Sociedade”, em 1975.
Juan César Garcia (1932-1984) Foi um dos precursores no campo dos estudos sociais da saúde na América Latina. Ingressou na OPAS em Washington. Publicou “Autoritarismo en la relación médico-paciente (1961)”; “Sociología y Medicina: bases sociológicas de la relación médico-paciente (1963)”; e “Comportamiento de las elites médicas em una situación de subdesarrollo (1964)”.
Ricardo Bruno Mendes Gonçalves (1947-1996) Foi professor do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e formulou o conceito de processo de trabalho em saúde. Publicou “Tecnologia e organização das práticas de saúde: Características tecnológicas do processo de trabalho na rede estadual de Centros de Saúde de São Paulo”, em 1994.