Produzir uma epidemiologia com rigor metodológico e com qualidade na intervenção social, promovendo conhecimento que embase políticas transformadoras para a sociedade brasileira, sem perder, por isso, a dimensão solidária, humilde e da confiança da comunidade científica do campo e da Saúde Coletiva. Essas ideias atravessaram a cerimônia de encerramento do X Congresso Brasileiro de Epidemiologia, realizada na noite de 11 de outubro, na Plenária Antonieta de Barros, no CentroSul, Florianópolis.
A mesa de encerramento foi composta por Antonio Boing, presidente do Congresso; Maria Amélia Veras, coordenadora da Comissão de Epidemiologia da Abrasco, e Leonor Pacheco, da direção da Abrasco, representando o presidente Gastão Wagner. A condução do cerimonial ficou por cargo de Thiago Barreto, secretário-executivo interino da Associação.
Instalada, a mesa fez a leitura das moções de repúdio e apoio encaminhadas à organização do evento ao longo dos três dias. Por unanimidade, foram aclamadas a moção de apoio a Naomar de Almeida Filho e ao projeto original da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB); a moção contra o corporativismo predatório contra o SUS; a Moção de apoio à Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, e a Moção de apoio ao sistema de vigilância nacional de saúde. Acesse aqui as moções na íntegra.
Na sequência, foram anunciados as menções honrosas e os trabalhos premiados do Congresso nas categorias comunicação coordenada e poster dialogado e o pódio dos três artigos vencedores da 6ª edição do prêmio RESS Evidencia, promovido pela Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde. Os autores presentes foram ao palco receber o diploma de reconhecimento, o vale-desconto da Abrasco Livros e chancela de uma inscrição gratuita num dos próximos congressos da Abrasco. Acesse aqui a lista dos vencedores.
Candidaturas e despedidas: O sucesso do Congresso de Florianópolis suscitou a apresentação de duas candidaturas à sede da próxima edição. Edgar Hamann, docente do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (DSC/FS/UnB) defendeu a candidatura do Planalto Central, elencando a rede de instituições parceiras possíveis como ponto positivo. Alberto Novaes Ramos Júnior, professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (DSC/UFC) apresentou a postulação de sua universidade como próxima sede, relembrando a tradição da epidemiologia produzida na região Nordeste e a necessidade de um olhar sobre as desigualdades regionais. Em reunião anterior, a Comissão de Epidemiologia deliberou que a decisão será uma das discussões da primeira reunião de sua próxima composição, a ser realizada em novembro.
Boing procedeu a leitura da Carta de Florianópolis, que ressalta a necessidade de união da comunidade acadêmica, de trabalhadores, de usuárias e usuários dos serviços de saúde em defesa da ciência brasileira, que vem sendo fortemente atacada. – leia aqui na íntegra.
Leonor Pacheco parabenizou a organização do evento. “Tudo aqui foi impecável, percebemos a garra e a preocupação de ambas as comissões com cada sessão, cada participante. Em nome do presidente Gastão Wagner, parabenizo a todos, na expectativa que estejamos juntos no Abrascão 2018, no Rio de Janeiro”.
Emocionado e com o sentimento de dever cumprido, Boing falou um pouco do trabalho de dois anos e meio de construção do evento. “Esse Epi2017 exigiu muito da gente. Colegas tiveram de abrir mão de atividades pessoais, da produção científica e projetos individuais em prol dessa construção coletiva. Foi uma opção adequada e correta. Só no pré-congresso tivemos mais de mil inscritos nos cursos e oficinas. Ao todo, tivemos 3.570 inscritos, com presença de 3.073 congressistas aqui no CentroSul. Foram apresentados mais de 2.800 trabalhos, sendo 2.451 pôsteres, 159 pôsteres dialogados e 238 comunicações coordenadas. Isso nos inspira a continuar batalhando. Agradeço à Abrasco que confiou em nós da UFSC. Somos um grupo recente, que está construindo seu espaço. Espero que tenhamos atingido o grau de exigência da Comissão”, disse o presidente do evento, ressaltando a solidariedade, o acolhimento e a confiança encontrados na Comissão de Epidemiologia. “A comissão foi fantástica e espetacular, numa construção coletiva de verdade. Não houve problemas entre nós. Esse produto bacana apresentado é fruto de um processo que foi agradável. Que isso sirva de inspiração para os próximos congressos”, finalizou ele, lembrando ainda a superação enfrentada por todos os alunos, servidores e docentes envolvidos que tiveram de encontrar forças diante do desfecho trágico da investigação sobre a reitoria da universidade.
Maria Amélia Veras ressaltou que todos os elogios recebidos pela programação são méritos de ambas as comissões, mas que o bom clima em todo o evento, o cuidado e capricho da organização devem ser creditados especialmente à Comissão Organizadora Local. “Uma comissão de jovens aguerridos, que nas minhas experiências com eventos da Abrasco eu nunca tinha visto igual”. Ao final, Amélia sintetizou a preocupação com o novo e com a equidade, marcas do Epi2017, na dedicação do evento a Letícia, filha de Boing e de Alexandra, também docente da UFSC e que esteve à frente da Comissão Cultural. “Letícia nasceu durante a preparação desse evento, e nada é mais emblemático do que vê-la aqui entre nós na cerimônia de abertura. Que o nascimento do novo seja uma lição de vida, para que nasçamos, renasçamos e tenhamos orgulho de fazer parte de uma comunidade científica ética, solidária, íntegra e que segue trabalhando pelo bem comum. Para Letícia, o nosso congresso”.
Assista à sessão de encerramento: