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Entrevista com os Coordenadores do Fórum – março de 2018

Respostas de Adauto Emmerich (PPGSC/UFES), Monica Angelim (PPGSAT/ISC/UFBA) e Sergio Peixoto (PPGSC/IRR/Fiocruz), atuais coordenadores do Fórum de Coordenadores dos PPG em Saúde Coletiva, às perguntas enviadas pelo jornalista Bruno C. Dias, do setor de Comunicação da Abrasco, em 13 de março de 2018

Abrasco: Esta primeira edição do Fórum em 2018 abre um novo tempo, como apontado nas últimas reuniões, com um olhar de retorno aos movimentos internos do campo.  Qual é a importância dessa nova mirada, mais autônoma dos processos externos de avaliação? 

Esse novo tempo fica mais uma vez marcado com uma efetiva participação da Abrasco e alguns conferencistas que estão sendo definidos, onde será debatida a conjuntura política e da Saúde Coletiva e suas perspectivas diante da grave crise que atravessamos. Ressalta-se a importância do momento de renovação da representação da área da Saúde Coletiva na Capes, que será fundamental para permitir nossa participação nas possíveis reformulações do processo de avaliação, algumas já sinalizadas pela própria Capes. Devemos destacar ainda a importância do trabalho que o Prof. Guilherme Werneck, a Profª. Maria Novaes e a Profª. Eduarda Cesse realizaram e a necessidade de um alinhamento e afinação da nova representação da Saúde Coletiva, que deverá assumir a partir de abril/18, visando à continuidade da sempre produtiva interação entre o Fórum e essa representação.

Em relação a novos horizontes de reflexão e ação do Fórum de SC essa discussão está ainda incipiente entre nós, mas precisa ser aprofundada. Iniciamos esse processo no último Fórum, que foi em Salvador, quando fizemos a discussão sobre Translação do Conhecimento e começamos a refletir sobre outros formatos possíveis de avaliação, como, por exemplo, a escolha e formatação de “cases” pelos programas como trabalhos emblemáticos, sobre os quais seriam apresentados desde a concepção dos projetos até os mecanismos de translação do conhecimento, passando pela produção qualificada, as intervenções e impactos sobre o problema enfrentado. Precisamos pensar métodos para fazermos isso em nossa área, com tempo suficiente para percebermos as suas repercussões nos nossos PPGs.

Abrasco: Dos dois grupos de Trabalho hoje em atuação no Fórum, o de programas profissionais está debatendo a questão do doutorado profissional ser mais uma modalidade formativa. Já há algum indicativo das visões e opiniões que fazem parte desse debate? 

Sobre os grupos de trabalho (GT) existentes atualmente no Fórum, o GT de Avaliação refletiu sobre um consolidado das propostas apresentadas no âmbito dos Fóruns ocorridos entre 2011 e 2017, evidenciando que diversos pontos dessa discussão já foram incorporados à Avaliação Quadrienal 2017, o que mostra a importância de dar seguimento a essas discussões e avançar em novas propostas a serem apresentadas à CAPES, visando a melhoria da qualidade desse processo. Entre as questões discutidas no primeiro encontro desse GT, destaca-se: (1) a necessidade de pensar estratégias para considerar as diferenças entre os programas, não só observando a subárea de atuação, mas também a região onde se encontram, tempo de funcionamento, entre outros aspectos; (2) incluir a avaliação apenas das publicações de maior relevância, tanto do programa quanto de cada docente, estabelecendo um número máximo de produtos a serem considerados na avaliação; (3) pensar em maneiras de incorporar a avaliação qualitativa para diversos produtos, como livros, produtos técnicos, teses e dissertações; (4) elaborar propostas/estratégias para avaliação dos egressos, contemplando a realidade da área no país; (5) sugerir formas de minimizar o impacto da incorporação de novos doutores nos programas, pensando na necessidade de renovação dos quadros atuais; (6) pactuar e instruir os coordenadores quanto ao preenchimento da Plataforma Sucupira, sobretudo em alguns quesitos/itens que incluem uma grande diversidade de informações, como “Inserção Social”; (7) incorporar a auto avaliação dos Programas nesse processo, podendo sugerir esse tópico como sendo parte do sistema; entre outros aspectos.

O GT dos cursos profissionais teve como documento base de discussão o texto elaborado pela Profª. Virginia Alonso Hortale, com contribuições da Profª. Silvana Granado e Profº. Ricardo Mattos. O principal objetivo foi rever a Portaria 389 (23/03/2017) que instituiu as modalidades Mestrado e Doutorado Profissional, no âmbito da Pós-Graduação stricto sensu brasileira. Além de uma contextualização internacional sobre essa modalidade e sobre as exigências da Capes para a implantação desses cursos, o GT trabalhou na proposição de critérios e parâmetros a serem adotados pela área da Saúde Coletiva na avaliação desses programas. Entre esses pontos, podem ser destacado o que se espera desses cursos no que se refere: (1) à contextualização institucional e regional, (2) ao perfil do egresso, (3) ao histórico, objetivos e estrutura curricular do curso, (4) às cooperações e intercâmbios firmados e (5) ao trabalho de conclusão. Essas discussões tiveram como principal objetivo propor a criação de orientações gerais e únicas aos programas e à comissão de avaliação, deixando evidente o que se espera dessa modalidade, sobretudo em relação à formação dos profissionais para atuação na área.

O que se propõe para o Fórum que realizar-se-á dias 23 e 24 de maio próximos, é a continuidade das discussões nos GTs, de forma a termos propostas a serem apresentadas e discutidas por todo o grupo, de modo a darmos seguimento a esse processo que poderá contribuir tanto com a condução dos programas pelos coordenadores, quanto com o processo de avaliação adotado pela Capes.

Abrasco: Já há uma ideia de participação ou atividade de debate do Fórum durante o Abrascão 2018? Haverá algum espaço de trabalho dos coordenadores? 

Achamos ainda muito importante podermos desenvolver uma atividade com os coordenadores de programas durante o ABRASCÃO, o que deverá ser proposto e discutido no Fórum de São Paulo. Nesse momento, já teremos a definição da nova coordenação de área, o que poderá favorecer a definição desses encaminhamentos para a decisão dessa atividade no maior congresso da área.

Abrasco: Há alguma outra informação ou aspecto não mencionado importante de ser abordado nesta matéria?

A ênfase da nossa ação precisa estar voltada para a defesa do SUS e da Democracia alinhada com as ações da Abrasco. O próximo Fórum deverá nos preparar para agirmos com precisão e rapidez e reagirmos com respostas consistentes e firmes sobre as ameaças, cada vez maiores à ciência e tecnologia no país, o que passa pelas ações contra a universidade pública, a liberdade de expressão, a despolitização no debate sobre os cortes do orçamento em C&T no país. Nesse sentido, discutir mais claramente o que se espera dos programas da área, aliado aos impactos sofridos por esse contexto, pode dar subsídios à Capes para pensar uma avaliação que seja coerente com a qualidade na formação de recursos humanos e sua importância para o crescimento da área no Brasil.

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