Desde que foi iniciada a Campanha Nacional de Vacinação contra a Covid-19 têm surgido várias notícias de pessoas que se recusam a aceitar a imunização. No caso das comunidades quilombolas, como o país não tem dados adequados sobre elas, a maioria dos municípios aceitou adotar listagens submetidas pelas associações comunitárias para estimar a quantidade de vacinas necessárias para essa parcela da população. Durante esse processo de cadastramento, voluntários das associações têm ido de casa em casa fazer o trabalho que seria obrigação do Estado. No entanto, eles têm se deparado com um fato inesperado: um elevado número de pessoas simplesmente se recusa a dar as informações para serem vacinadas. O mesmo tem acontecido em muitas áreas indígenas pelo país.
No momento que surgem novas variantes do vírus, com explosão de mortalidade diária e serviços de saúde em colapso, além de sérios impactos das medidas de isolamento na segurança alimentar e nutricional dos grupos rurais, essa recusa é bastante grave. Não se espera que qualquer pessoa se negue a colocar o nome na lista.
Nos quilombos, nas aldeias ou nas cidades, as alegações são diversas e bem chocantes. Vão desde o questionamento sobre a eficácia da vacina; histórias sobre morte de idosos; alterações genéticas e a possibilidade de causar câncer. Há quem diga que a vacina vai injetar um chip para controlar você. Todas são falsas. Afinal, as vacinas passam por uma série de testes e um rigoroso controle de qualidade antes de serem aprovadas pelo orgão de saúde regulador.
Infelizmente, outras mentiras deverão continuar a aparecer. A epidemia de fake news é atualmente um dos principais inimigos da saúde no Brasil. As políticas sanitárias são fundamentais para o bem-estar de todos e fatos sobre saúde não devem ser confundidos por ideologias políticas e mitos. A imunização já salvou milhões de vidas pelo mundo.
É responsabilidade de cada um não passar adiante mensagens erradas ou sensacionalistas. O conhecimento é o melhor tratamento contra as notícias falsas. Não se deixe enganar, vacinas são uma benção divina, e devem estar disponíveis para todos. Procure os profissionais de saúde e as fontes oficiais para ter as informações corretas, e proteger a você e aqueles que você ama.
Diga SIM para a vida, vacinando-se quando chegar a sua vez.
* Hilton P. Silva é membro do GT Racismo/Abrasco e professor da Universidade Federal do Pará (UFPA).
** Edna M. Araújo é coordenadora do GT Racismo/Abrasco, integrante do Conselho Deliberativo da Associação e professora da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).