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Epidemiologia da desigualdade em pré-venda

Bruno C. Dias

Organizada por Cesar Victora, Fernando C. Barros, Mariangela Silveira e Antônio Augusto Silva, a obra Epidemiologia da desigualdade: quatro décadas de coortes de nascimentos apresenta os principais resultados de um grande conjunto de pesquisas que contribuiu diretamente para a elaboração de políticas públicas de saúde materno-infantil no Brasil e no mundo. Editada pela Abrasco, a obra já está disponível para pré-venda pelo site da Abrasco Livros e vinte unidades estarão disponíveis na Livraria montada para o 8º Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde (8ºCBCSHS).

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Estudar o ciclo da vida desde o início, acompanhando a gestação de mulheres de diferentes níveis de renda e escolaridade, da raça e de grupos étnicos até o momento do parto e seus desfechos, dando seguimento no primeiro ano de vida das crianças. A coorte de 1982 foi o primeiro estudo epidemiológico com esse desenho até então realizado no país, e posteriormente impulsionou a criação do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (PPGE/UFPel), reconhecido no país e no exterior como um importante centro de produção de conhecimento científico.

“Desde então, uma nova coorte foi iniciada a cada 11 anos. Mais de 20 mil indivíduos, em nossa cidade de 340 mil habitantes, estão sendo acompanhados desde o nascimento. Essas bases de dados permitem não somente análises de epidemiologia do ciclo vital dentro de cada coorte, mas também painéis, com análises de tendências seculares, nas quais indivíduos de idade semelhante nas quatro coortes são comparados” afirmam Victora e Barros no artigo “Um conto de muitas cidades em uma: as coortes de nascimento de Pelotas (Brasil), 1982–2015”

As coortes de 1982, 1993, 2004 e 2015 incluíram a quase totalidade de nascimentos da cidade, com taxas muito baixas de perdas e recusas. Os dados discutidos na obra foram coletados do nascimento até o primeiro aniversário de cada criança, com altas taxas de seguimento. Ao cruzarem as informações obtidas e com indicadores socioeconômicos os pesquisadores conseguiram o feito de desenvolver uma “lente da equidade” e visualizar as tendências para a saúde de mães e crianças.

O retrato que emerge das páginas de Epidemiologia da desigualdade: quatro décadas de coortes de nascimentos reflete como as desigualdades em saúde evoluíram ao longo das últimas quatro décadas de uma sociedade em transição de um país de renda média, que foi capaz de criar e fomentar um sistema público e universal de saúde.

Com a colaboração de 26 pesquisadores, os nove artigos analisam e interpretam os dados dedicados à história reprodutiva e antropometria maternas; na atenção pré-natal e desfecho dos partos; e nas condições de vida do primeiro ano dos bebês, incluindo questões antropométricas, mortalidade infantil, taxa de hospitalização, aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses, e nutrição e alimentação.

No prefácio, Gulnar de Azevedo e Silva, presidente da Abrasco, destaca como esse longo trabalho foi fundamental para a construção de políticas e ações de grande repercussão para a saúde de mães e crianças no Brasil e no mundo. “As oportunidades de sobreviver e de viver com saúde não são iguais se comparadas em função do nível de renda e escolaridade, da raça e de grupos étnicos. É interessante, contudo, verificar que a melhora constatada dos principais indicadores analisados refletiram, de certa forma, o aumento do acesso aos serviços de saúde com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, e o estabelecimento de políticas sociais como a Política de Segurança Alimentar, o Bolsa Família e outras, que trouxeram benefícios para as pessoas mais pobres do país”.

Epidemiologia da desigualdade: quatro décadas de coortes de nascimentos é uma edição da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) com o apoio do PPGE/UFPel e contou com financiamento da Wellcome Trust, International Development Research Center; World Health Organization; Overseas Development Administration of the United Kingdom European Union; Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (PRONEX); Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Departamento de Ciência e Tecnologia do Ministério da Saúde – Brasil (DECIT); Fundação de apoio à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (FAPERGS); e Pastoral da Criança.

O lançamento oficial será realizado no dia 14 de novembro durante o 3rd World Breastfeeding Conference/15º Encontro Nacional de Aleitamento Materno (WBC/ENAM), no Rio de Janeiro. A promoção e distribuição da obra será feita pela Abrasco Livros.

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