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Epidemiologistas discutem prioridades para o 5º Plano Diretor em evento no Rio de Janeiro

Nos dias 12 e 13 de setembro de 2024, epidemiologistas de todo o Brasil se reuniram no Rio de Janeiro (RJ) para discutir as diretrizes do 5º Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia. O encontro promoveu oficinas e atividades em grupos para debater os três principais eixos da atuação da área: ensino, pesquisa e a aplicação da epidemiologia nas políticas, programas e serviços de saúde. O resultado destes debates servirão de base para a formulação do novo plano, que orienta tanto a formação acadêmica, quanto às diretrizes políticas para a atuação dos profissionais no país.

O evento contou com apoio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA) e reuniu 40 epidemiologistas de diversas regiões do país. A  oficina foi voltada para a elaboração de estratégias de enfrentamento dos problemas prioritários na epidemiologia no Brasil, construindo perspectivas de desenvolvimento para o quinquênio 2024-2028. A atividade retoma o trabalho realizado na primeira oficina, que aconteceu em agosto de 2023 em Brasília, e analisou os planos diretores existentes para identificar pontos de atenção. 

Para Tânia Araújo, coordenadora da  Comissão de Epidemiologia da Abrasco e professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), o momento é de organização e reflexão. “Nesses dois dias, estamos discutindo exatamente quais ações serão incorporadas no plano para guiar nossas ações no próximo período. Acho que é um momento muito rico, como se estivéssemos revisando nosso passado, olhando o que já propusemos e o que conseguimos realizar”, afirma Araújo.

Uma epidemiologia que dê conta da diversidade brasileira

Os esforços para a elaboração do 5º Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia traz consigo alguns desafios: uma lacuna temporal de 19 anos desde a elaboração do último plano, mudanças profundas no campo da epidemiologia, crises sanitárias e políticas que aprofundam a desigualdade social e impactam diretamente dos determinantes sociais da saúde, além de avanços também no ensino na pesquisa e na vigilância epidemiológica. 

Para Joilda Nery, integrante do GT Racismo e Saúde da Abrasco e Professora Adjunta do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA), olhar para as desigualdades em saúde é essencial nesse processo. “A discussão considera a questão das desigualdades em saúde, especialmente no que se refere às populações mais afetadas pelas doenças e agravos que estudamos. No entanto, penso que ainda precisamos avançar bastante. Embora a discussão sobre desigualdades seja importante, ela não leva em consideração de forma adequada os elementos estruturais da nossa sociedade, como as discriminações relacionadas à raça, etnia e gênero”, afirma Nery, destacando a necessidade de ampliar o olhar sobre as questões estruturais que afetam a saúde da população.

Para as pesquisadoras, a força do 5º Plano reside na compreensão de que cada número e cada dado epidemiológico representam vidas e histórias. Esse é o ponto de partida para uma epidemiologia que deve refletir a diversidade do Brasil e atender às suas necessidades específicas.

Alícia Krüger, integrante do GT Saúde da População LGBTI+ e assessora de Políticas de Inclusão, Diversidade e Equidade em Saúde da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, reforça a importância da pluralidade dentro do campo. Para ela, a convivência de diferentes gerações fortalece o plano em elaboração: “Vemos grandes mestres da epidemiologia ao lado de pessoas mais jovens, como eu, uma epidemiologista que acabou de completar 30 anos. Esse choque geracional, no bom sentido, trouxe muitos frutos positivos. Este plano é totalmente inovador e representa uma quebra de paradigmas, trazendo uma epidemiologia que entende seu papel como instrumento para melhorar a vida das pessoas”, reflete Krüger.

As elaborações do Plano Diretor seguem a todo vapor e o lançamento está previsto para integrar a programação do 12º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que acontece entre 23 e 27 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro. Saiba mais

Confira as fotos do evento:

Oficina: 5º Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia | 1º dia | 2024

Oficina: 5º Plano Diretor para o Desenvolvimento da Epidemiologia | 2º dia | 2024

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