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Espaço de Associados promove diálogo sobre Abrasco e contexto político nacional

Hara Flaeschen sob supervisão de Vilma Reis

Um congresso onde a defesa do SUS e o impacto da crise econômica na saúde da população brasileira pontuou praticamente todos os espaços de discussões: sim, é possível dizer isso da décima edição do Congresso de Epidemiologia da Abrasco. Diretamente conectados a este eixo, abrasquianas e abrasquianos foram convidados para uma reunião aberta, na tarde do dia 10 de outubro, um diálogo leve – mas produtivo: um encontro em tom informal com o presidente  da associação, Gastão Wagner; o presidente do 10º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, Antonio Boing; e a presidente da Comissão de Epidemiologia , Maria Amélia Veras . A ideia do Espaço de Associados era pensar, trocar e refletir sobre a importância de ser associado à Abrasco nesse contexto de austeridade e de  medidas governamentais que ferem as políticas públicas e a vida da população.

Em um primeiro momento Boing – que se considera um abrasquiano “recente” –  contou sua trajetória na Abrasco. Ele participou de um primeiro congresso em 2002, ainda na graduação, mas só mais tarde, na pós-graduação, entendeu a importância de debater saúde coletiva. Contou que se sentiu acolhido na Abrasco, uma instância política que permite diálogo e expressão dos pensamentos. Também reforçou  a importância de uma organização  autônoma: “A dificuldade de financiamento pelo posicionamento político que a Abrasco começou a assumir nesse momento do país é o ônus. Mas o bônus é a independência, a possibilidade de  assumir posturas”.

Seguindo a linha de pensamento, Gastão emendou falando sobre a necessidade de um retorno dos movimentos sociais para a autonomia e capacidade de reflexão,  correlacionando a participação dos associados a este entendimento : ” Não pode ser uma participação só financeira. É usar a Abrasco como meio para ativismo, juntar nosso trabalho na saúde, na docência, para a construção de um mundo”. Entretanto, o presidente reforçou a importância também das pessoas se associarem à Abrasco, que agora, mais do que antes, precisa da coparticipação para seguir independente. ” Nós temos tentado valorizar os associados. Tínhamos 800 associados adimplentes, agora temos  cerca de 3000 com a anuidade em dia”.

Maria Amélia Veras também contou um pouco do seu percurso na Saúde Coletiva: a presidente da comissão científica teve  alguns dos criadores da Abrasco como  mentores e professores.  Assim, a sua formação foi  permeada pelas diretrizes emanadas pelos abrasquianos históricos.  Para Maria Amélia, a associação antes era um espaço de militância específico, já que as pessoas também se envolviam em partidos políticos e outros movimentos para discussões mais amplas, e agora permite uma discussão macro: “Tudo traduz a importância do quão importante é ser abrasquiano. Hoje a associação é um espaço privilegiado para que a discussão das ideias possa acontecer. Este é um momento em que não podemos estar isolados, que o nos une é muito maior e muito mais relevante”.

O momento também gerou uma reflexão conjunta sobre o próprio congresso, ainda em andamento. O pesquisador Reinaldo Guimarães , integrante do Comitê de Assessoramento Permanente de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde (CCTIS/Abrasco), elogiou a organização local, a comissão científica e a diretoria da Abrasco pelo funcionamento do evento. Pontuou a interdisciplinaridade  da programação científica como um fator muito positivo . Stela Meneghel, médica sanitarista e professora da UFRGS , também citou a interdisciplinaridade , a densidade das palestras e a proporção do evento, que agregou cerca de 4000 pessoas. Daniel Canavese, um dos coordenadores do Fórum de Graduação da Abrasco, lembrou como é importante ter reconhecido este espaço dentro da Associação, que trabalha no reorganizar das pautas da graduação em saúde coletiva: “colocar esse espaço no congresso da Abrasco e abrir cada vez mais a associação para estudantes de graduação significa sensibilidade”.

A expectativa é que, daqui em diante, aconteçam cada vez mais encontros como este, ambientes de conversas sobre a Associação Brasileira de Saúde Coletiva – as relações entre associados e diretoria, setores internos da Abrasco e sociedade . “A ciência depende do contraditório e da liberdade de expressão. Mas a política também depende disso. Política, democracia e liberdade são a possibilidade de expressar nossos valores e escutar, negociar e repensar com o dos outros. Nós estamos tentando exercitar a democracia ampliando o espaço para que os associados possam se manifestar. Estamos fazendo um esforço bastante grande e os congressos são a possibilidade disso. A gente pode ter divergência, pode ter discordância mas pode ter um espaço de convivência muito afetuoso. A gente erra muito, centraliza demais, mas com a participação, com a conversa, a gente vai conseguindo resolver”, disse Gastão sobre a reunião.

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Ser um associado (a) Abrasco, ou Abrasquiano(a), é apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, mas também compartilhar dos princípios da saúde como processo social, da participação como radicalização democrática e da ampliação dos direitos dos cidadãos. São esses princípios da Saúde Coletiva que também inspiram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde, o SUS.

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