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Especialistas avaliam cenários e propõem sugestões de mudanças nos três simpósios do 2º Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde

Em três mesas, os simpósios do 2º Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde juntaram diferentes visões acerca dos processos políticos que atravessam a saúde brasileira. Pela manhã, Juarez Rocha Guimarães, João Sicsu e Sonia Fleury debateram os limites e possibilidades das reformas e dos sistemas de proteção social. Professor de Ciência Política da UFMG, Juarez fez um panorama do Welfare State e o caracterizou como um “processo civilizatório” e que sua nova dimensão deve destacar a força dos valores e ideias para articular alternativas num mundo pós-neoliberal. “A melhor crítica é a que organiza a superação”, disseRocha. Já Sicsu, do Instituto de Economia da UFRJ, limitou a crise do modelo ao seu financiamento e vislumbrou um cenário positivo da economia nacional, mas frisou que dificuldades hão de vir, “pois gerar renda, crédito e consumo é algo que se faz em quatro anos. Já gerar acesso a serviços demanda mais tempo”.

A fala mais esperada foi a da professora Sonia Fleury, da FGV-Rio, que contrapôs o modelo do Welfare State ao que chama “Warfare”, dado tanto pela política de criminalização dos movimentos sociais como pelas formas de cooptação dos Estados pelas transnacionais. “Nossa única saída é a radicalidade da democracia, entender os sistemas universais como expressões da mesma, sem defesas de nenhuma governabilidade que apresente traições ao projeto original”. Aplaudida de pé, Sonia criticou ainda a lógica produtivista da academia e sugeriu que haja sempre a presença de usuários nas mesas de debate sobre saúde.

À tarde, o simpósio refletiu sobre os desafios da gestão pública. Alcides Miranda, professor da Escola de Enfermagem da UFRGS discutiu a gestão a partir de um jogo de palavras entre a ‘dialética do gerir e do girar’. “É preciso denunciar o clientelismo e os bastidores de palácio, que só sabem governar se negociar no mercado da politica pequena. É preciso superar e perceber que há saídas para a gestão pública”. Já Marcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo destacou que hoje, com o predomínio das visões pós-modernas e do reino das especializações perde-se o sentido da totalidade. “Não se pode administrar algo tão complexo como a saúde, as especialidades fazem perder a dimensão do todo”.

O último Simpósio do dia avaliou o tema do próprio Congresso: Política, planejamento, gestão e avaliação da saúde. Com a coordenação de José Gomes Temporão, Jairnilson Paim, Adolfo Chorny, Gastão Wagner e Oswaldo Tanaka conseguiram sintetizar em 20 minutos cada um, que rumo se deve seguir neste novo Brasil que vai pra rua, para formular políticas e elaborar propostas para de uma agenda de ação coletiva pela Saúde. Adolfo Chorny recebeu fortes aplausos ao longo de sua marcante participação “Vamos falar então de coisas que não existem mais, como o planejamento! Sim, pois hoje se confunde planilhamento com planejamento” definiu o professor.

Chorny continuou avaliando como se perde a riqueza brasileira “trocamos tudo pelo papel pintado, aquele vale-consumo: está nos faltando sentimento”. E no fim, lembra a todos que ano que vem o país vai ganhar 30 dias de padrão internacional por causa da Copa e arremata “não quero Brasil padrão Fifa, quero Brasil padrão Brasil”.

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