Já é 2021, mas a pandemia não acabou. “Até que a vacina chegue, não podemos prever o que vai acontecer com essa curva. E mesmo quando ela chegar, não vamos ter uma vida tranquila como antes. Vamos ter que continuar usando máscara e fazendo distanciamento”, afirmou Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco, em entrevista à jornalista Natália Cancian, da Folha de S. Paulo.
A matéria Saúde terá que lidar com vacinação, cirurgias represadas e orçamento enxuto em 2021, publicada em 1º de janeiro, abordou os principais desafios para o SUS. Gulnar também frisou a importância de um plano unificado para conter a pandemia no país: “Precisava de comunicação mais clara para mostrar o que deveria ser feito, mas isso não ocorreu”.
Os pesquisadores entrevistados também demonstraram preocupação com o plano de vacinação e com a oferta de insumos – como seringas e frascos – para o processo. “A vacinação pode até começar em janeiro, mas com as falhas de coordenação nacional e possível disputa entre estados e governo federal, podemos ter um cenário confuso para a população”, afirmou o pesquisador da FGV e abrasquiano Adriano Massuda.
Além da sobrecarga nas UTIs, por causa do coronavírus, os gestores do SUS terão que lidar com cirurgias e tratamentos adiados diante da urgência da pandemia, e relacionados a outros problemas de saúde. A alta nas demandas, no entanto, não condiz com o orçamento proposto para 2021. Para Francisco Funcia, consultor técnico do Conselho Nacional de Saúde, é “um cenário dramático”.
Funcia afirmou que o orçamento da saúde – nas normas do teto de gastos – está inferior ao de antes da pandemia, e que o governo deve discutir alternativas de recursos extras, para garantir a saúde da população: “Reduzir recursos neste cenário significa escolher quem vive ou quem morre.”.