Neste artigo para a revista Ensaios & Diálogos em Saúde Coletiva, o presidente da Abrasco, professor Gastão Wagner de Sousa Campos, reflete sobre os avanços e os problemas do SUS, bem como os significados da crise atual e os desafios da formação e pesquisa em Saúde Coletiva e na área de Políticas, Planejamento e Gestão em Saúde. Gastão vai além e propõe o SUS Brasil – “Uma utopia possível?” pergunta.
Para Gastão, a fragmentação não é a única causa para a péssima gestão, nem para a péssima política de pessoal do SUS, entretanto, neste caos, diluiu-se a responsabilidade de estados e da União, delegando-se aos municípios tarefas impossíveis de serem levadas a cabo ao nível local e de maneira isolada – “Produziu-se com isto uma cultura da improvisação, de precariedade e de maltrato em relação aos profissionais de saúde e ao cuidado dos usuários. Infelizmente, esse padrão de simplificação, de estratégia da precariedade, estendeu-se também para infraestrutura, equipamentos e modelo de atenção e de cuidado. Gostaria de indicar algumas estratégias para o SUS Brasil para concretizar esse debate em caminhos concretos: uma utopia possível? O SUS Brasil deveria superar a fragmentação, a privatização, a inadequação da política de pessoal tendo como núcleo organizacional as Regiões de Saúde. Constituir o SUS Brasil: uma autarquia especial integrada pelo Ministério da Saúde, Secretarias de Estado da Saúde e Secretarias Municipais de Saúde. Todos os serviços de saúde de caráter público, bem como contratos e convênios de todos os entes federados passariam a esta autarquia especial. Constituir a autarquia com modelo organizacional e de gestão próprio e específico conforme as singularidades e características da área da saúde”, propõe.
Gastão Wagner é médico sanitarista e professor titular da Universidade Estadual de Campinas. Militante da Reforma Sanitária, Gastão é um defensor intransigente do Sistema Único e Saúde e uma referência notória no campo da Saúde Coletiva no Brasil.