A Rede Tulipa: Rede Brasileira de Portais de Periódicos realizou o evento “Novos rumos para o Qualis?” nos dias 3 e 4 de setembro com a proposta de discutir os rumos da avaliação do Qualis e buscar refletir sobre as novas diretrizes de avaliação para os periódicos brasileiros. Leila Posenato Garcia, coordenadora do Fórum de Editores de Saúde Coletiva (FESC/Abrasco), participou do debate “Qual é o papel dos Fóruns de Editores?” dialogando com Lia Fialho (Associação Brasileira de Editores Científicos – Abec) e com moderação de Lucia da Silveira (UFSC). O debate girou em torno da importância dos fóruns para o fortalecimento das publicações e a democratização dos critérios de avaliação dos periódicos.
Histórico da saúde coletiva e fortalecimento de uma publicação pela outra
Leila Posenato começou trazendo um histórico das publicações na área da Saúde Coletiva até a formação do Fórum de Editores de Saúde Coletiva, criado em 2014. A fundação do coletivo debater modificações no panorama da editoração científica nacional. Ali, foi elaborada a Carta de São Paulo, que apontou a necessidade de aprimorar a qualidade e a visibilidade nacional e internacional das revistas. Naquele momento, o cenário era de aumento de exigências por parte da Capes e ao mesmo tempo de corte de recursos das agências para pesquisas.
“A necessidade de fortalecer a área como um todo para que as revistas possam ser citadas em outras” também foi abordada pela editora. O Fórum também debateu dar atenção para a importância de as revistas se internacionalizarem mas continuarem publicando em português, tendo em vista que a maior parte do público é do SUS. Dentre os dados citados, ela apontou que o fórum tem 26 revistas e oito delas ocupam as 11 primeiras colocações do Google Scholar metrics.
Em 2019, as mudanças dos critérios Qualis surpreenderam as revistas da área de saúde coletiva, com a avaliação levando em conta especialmente indicadores bibliométricos. Tais indicadores, segundo Leila, são utilizados para avaliar revistas estrangeiras de países hegemônicos no campo da ciência e que pertencem a grandes empresas grandes detentoras de monopólios na área de divulgação científica. Após isso, o Fórum de Editores realizou reuniões para debater os critérios da classificação das revistas com representante dos editores das revistas, diretoria da Abrasco e representantes da Capes. Esse espaço constituiu um Grupo de Trabalho para revisar a proposta do Qualis referência e formular uma proposta alternativa presente em carta apresentada pela Abrasco.
Fóruns como espaço de formação e político
Lia Fialho iniciou sua fala ressaltando a importância dos fóruns de editores para a formação. Segundo ela, eque é membro do Fórum de Editores de revista em Educação do norte e Nordeste, a maioria dos profissionais que seguem nesse caminho não tem uma formação específica, são formados fazendo e realizando o trabalho. Além disso, segundo dados da pesquisa realizada junto a editores, 67% deles não estão envolvidos em Fóruns, embora 96% considerem os espaços importantes. Nesse sentido, a editora ressaltou que “fortalecer os fóruns é fortalecer espaços de aprendizado, apoio mútuo e acolhimento”.
No campo político, Lia ressaltou a importância de as publicações não se enxergarem como concorrentes por conta dos critérios da Capes. Para Lia a organização dos Fóruns servem também para construir documentos, pautas de lutas coletivas e outras ações de fortalecimento: “É o espaço de questionar como somos avaliados e que tipo de financiamento estamos recebendo”. Lia destacou ainda a importância de se debater os critérios de avaliação de forma democrática, não com orientações verticais vindo de cima para baixo das agências.
Confira como foi o debate na íntegra: