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“Existe um problema geral no campo da informação”: colóquio debate dados e sistemas de informação na pandemia

A importância dos dados sobre saúde ficaram evidentes para toda a população diante do cenário atual da pandemia de Covid-19. Essas informações além de serem coletadas devem ser tratadas com o objetivo de gerar análises para diagnosticar situações e auxiliar na formulação de políticas públicas. Os desafios e as questões que envolvem o funcionamento desses sistemas de informação no Brasil foram debatidos no colóquio “Dados e Sistemas de Informação para enfrentamento de pandemias e epidemias: potencialidades e limitações” da Ágora Abrasco no dia 7 de julho. O debate contou com a participação de Alvaro Escrivão Junior, professor da FGV e secretário-executivo do Observatório de Saúde da Região Metropolitana de São Paulo ; Christovam Barcellos, coordenador do Observatório Monitora Covid-19 e pesquisador do do ICICT/Fiocruz; Liliane Silva do Nascimento, professora da UFPA e coordenadora do Laboratório de Monitoramento e Avaliação em Saúde (MASA/UFPA); e Mauricio Barreto, coordenador do Cidacs-Fiocruz-BA e da Rede Covida. A coordenação foi de Ilara Hammerli Moraes, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP/Fiocruz).

Pandemia escancarou fragilidade dos sistemas

Maurício Barreto deu início às falas apontando que a pandemia de Covid-19 escancarou aspectos banais dos sistemas de informação não só no Brasil, mas em diversos países: “Não temos a dinâmica completa para modelar a epidemia. A maior parte dos problemas vem disso. Existe um problema geral no campo da informação”. O pesquisador comparou a questão dos dados da saúde com outros setores, e apontou que as prioridades econômicas muitas vezes determinam uma melhor coleta de dados. Ele destacou ainda a necessidade de maior integração dos dados existentes: “O problema da integração das informações é uma das questões centrais que dificulta a nossa capacidade de entendimento das coisas”.

Os sistemas e processos de produção de informações e dados no SUS foram trazidos por Christovam Barcelos, que apontou pontos positivos e negativos: “Por ser descentralizado, o sistema de informações do SUS é bastante capilar, o que é bom. Por outro lado ele é muito autônomo”. Com vários sistemas de informação, o problema destacado pelo professor foi também a falta de integração e dos motivos de cada dado armazenado: “As pessoas aparecem diversas vezes nesses sistemas, mas eles não são integrados. Sabemos de eventos da saúde. Alguém nasceu, alguém morreu ou internou. Mas não como isso se deu.”

Dificuldade da obtenção de dados e especificidades regionais

A dificuldade na obtenção dos dados foi o foco da fala de Álvaro Escrivão Júnior. O professor abordou a importância da leitura dos dados de forma mais minuciosa, especificando o máximo para extrair informação de qualidade: “A gente insiste em divulgar o dado da letalidade, mas não estamos traduzindo, pois ela vai variar de região para região, de acordo com testagem, além da subnotificação”. Alvaro ressalta que tal especificação é fundamental pois não se pode comprar dados sem saber a realidade de onde eles acontecem. Ele ainda foi enfático em definir o principal desafio nesse campo: “O desafio maior é termos dados de qualidade, confiáveis para acompanhar o que está acontecendo. Uso e definição dos dados, heterogeneidade da captação. Na qualidade do manejo e disponibilização dos dados também há diferenças”.

A professora Liliane Silva do Nascimento fez questão de. Primeiramente, apontar o lugar de onde se dá a sua fala: “Preciso destacar o lugar de fala que é de estarmos na Amazônia, com uma dispersão territorial que traz diversas questões. Municípios que possuem somente acesso fluvial e temos deslocamentos de equipe em ambulancha”. Liliane apontou a falta de apoio institucional na região para coleta de dados: “Alguns estudos que temos feito percebemos baixa institucionalidade das políticas de saúde sem lidar com as especificidades da região”. Liliane encerrou sua fala apontando a importância das universidade e a importância de mecanismos de educação em saúde para melhorar o tratamento desses dados.

Em seguida, uma série de especialistas teceu comentários sobre as explanações destacando inclusive a importância de que tais dados sejam vistos como um bem público.

Confira a íntegra do painel da TV Abrasco:

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