Exposição ao agrotóxico em Mato Grosso é quase 10 vezes maior do que média nacional, de 7,3 litros por pessoa. Dados foram repassados em audiência pública na Assembleia Legislativa na tarde da quinta-feira, 4 de abril.
Professor Wanderlei Pignati, do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso e abrasquiano do Grupo Temático Saúde do Trabalhador, foi o responsável por expor dados com relação aos perigos no uso de defensivos agrícolas para cultivo de grãos, verduras e hortaliças.
Também participaram da mesa a representante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, Francileia Paula de Castro e membros do Ministério Público do Trabalho (MPT) e Ministério Público Estadual (MPE).
Enquanto a média nacional de exposição é de 7,3 litros por habitante, em Mato Grosso pode chegar a 67 litros. Ainda, de acordo com Pignati, o uso de agrotóxicos, além de ser recorrente, é feita de maneira irregular. O produto é pulverizado próxima a áreas de preservação e córregos.
“Eu chamo esse modelo econômico de modelo químico dependente de fertilizante. Isso leva ao risco sanitário, alimentar, ambiental. É claro que Mato Grosso é campeão nacional de produção de soja, de milho, de algodão, mas também é campeão nacional de consumo de agrotóxico”, disse.
Em suas pesquisas de campo nas cidades de Lucas do Rio Verde, Campo Verde, Sapezal, Campo Novo do Parecis e Campos de Julio, o professor constatou que as leis e normas impostas não são cumpridas.
Áreas de amortecimento, por exemplo, que são pontos de distância previstos entre as plantações e as áreas de preservação, estipulada em 90 metros de distância, geralmente não chegam nem a 10 metros na prática.
“A coisa que eu mais ouço é que não tem fiscalização, mas em primeiro lugar, quem desobedeceu as normas e as leis? Eu vou fazer isso porque não tem fiscalização? Como eu vou colocar milhares e milhares de fiscais nas fazendas de Mato Grosso?”, questionou.
Pignati explicitou que a maioria dos agrotóxicos utilizados no Brasil são proibidos, por exemplo, na União Europeia. A justificativa das proibições é o risco eminente de câncer, má- formação e distúrbios neurológicos.
“Em locais que há intoxicação na água ao menos 4 crianças a cada 100 mil nascidos vivos têm má formação. Em algumas cidades de Mato Grosso chega a 37 com má-formação”, finalizou.