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Eymard Vasconcelos fala sobre o SUS diante das Violências

Martinho Silva com Eymard Vasconcelos. Foto Rafael Venuto / Abrasco

O grande desafio de encontrar caminhos de enfrentamento das diversas formas como a violência tem se manifestado no SUS, diz Eymard Vasconcelos, membro do Grupo Temático Educação Popular em Saúde da Abrasco e docente do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba – UFPB.

Discutir e entender as violências no SUS e apontar sugestões para enfrentar tais problemas é o objetivo do seminário “O SUS diante das violências: vivências, resistências e propostas”, que acontecerá em João Pessoa e que está sendo organizado pela Abrasco em parceria com o Grupo de Pesquisa de Educação Popular em Saúde, vinculado ao Programa de Pós-graduação em Educação da UFPB, com a Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, da Abrasco e ainda com a Secretaria de Estado da Saúde. Eymard será anfitrião do evento juntamente com Pedro Cruz, também do GT Educação Popular em Saúde e da Universidade Federal da Paraíba.

Para Eymard, a violência é um tema relativamente novo nas discussões do setor saúde: – “É um problema que tem gerado muito sofrimento aos profissionais de saúde e às pessoas atendidas. Atravessa hoje o cotidiano de vida da sociedade, trazendo questões novas para a promoção da saúde. Tem colocado desafios para os quais os trabalhadores do SUS não foram preparados. E é um desafio difícil, pois se manifesta de formas muito diferentes e complexas”, argumenta Vasconcelos.

“O trabalho em saúde está hoje marcado pelo medo e tensão de muitos profissionais que se apavoram com atos violentos trazidos para o serviço por alguns usuários e alguns grupos das comunidades assistidas. Pacientes e seus movimentos sociais têm manifestado seu inconformismo e revolta com práticas assistenciais entranhadas de modos autoritários e violentos de ação. Atos estarrecedores de violência nas famílias e na sociedade são trazidos com extrema frequência para as consultas e ações educativas dos serviços, deixando seus profissionais perplexos por não estarem preparados para lidar com eles. O racismo e a discriminação de grupos sociais minoritários têm se manifestado com gestos de violência no cotidiano do SUS, seja na relação com alguns profissionais de saúde, seja na relação com muitos moradores dos territórios atendidos. O gerenciamento das políticas de saúde frequentemente tem se caracterizado por ações autoritárias e violentas em relação aos profissionais responsáveis pelos atendimentos. Os processos educativos direcionados aos trabalhadores de saúde utilizam usualmente de metodologias coercitivas e discriminatórias, que reprimem a manifestação de inquietações, reflexões e demandas de quem vive angustiado com os enormes desafios colocados por um envolvimento com os serviços numa perspectiva de integralidade e participação”, explica Eymard.

Por essas razões, a Abrasco definiu esse tema como prioritário para o debate nacional em saúde, que culminará, esse ano, no 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, em julho, no Rio de Janeiro. Solicitou à sua Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde que organizasse um Seminário preparatório sobre o tema para fortalecer seu debate: – “Não se pretende fazer um debate apenas acadêmico do tema, mas articular grupos de pesquisa, movimentos sociais, estudantes e trabalhadores do setor saúde para construir juntos trocas de experiência, análises e propostas. O movimento sanitário precisa encontrar novas formas de organização de seus eventos que integrem luta política, vivências pessoais, reflexões teóricas e organização e mobilização. Por isso, esse Seminário será orientado pela perspectiva da ecologia de saberes e terá na metodologia da pedagogia freiriena das rodas de conversa, centradas em dimensões prioritárias do tema, seu principal instrumento de elaboração e proposição. Já há vários grupos de pesquisa, setores institucionais de secretarias de saúde e do Ministério da Saúde e movimentos sociais voltados para o enfrentamento e estudo da violência em saúde. O Seminário Nacional “O SUS diante das Violências” procurará ser um espaço articulador dessas iniciativas para uma luta política, cultural e teórica para superação desse desafio que têm angustiado as diversas práticas do SUS. Venha participar você também”, convida Eymard.

O Seminário preparatório para o Abrascão 2018 “O SUS diante das violências: vivências, resistências e propostas” acontecerá no Espaço Cultural José Lins do Rego, de 20 a 22 de março de 2018 e as inscrições podem ser feitas aqui.

 

 

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