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Fake news e movimento antivacina: Abrasco no Pint of Science 2019

Hara Flaeschen sob supervisão de Vilma Reis

Charge adaptada para português | Reprodução da Internet

E se a ciência transbordasse das universidades, laboratórios, conferências e centros de pesquisas para restaurantes, praças… botecos? Esta é a proposta do Pint of Science, evento que espalhará cientistas por bares de 27 países – só no Brasil em 85 cidades – expondo suas pesquisas e impressões sobre a vida, o universo e tudo o mais. A Abrasco estará presente neste movimento de democratização da ciência, representada pela diretora Regina Flauzino, em 21 de maio, na 1ª edição do evento em Petrópolis – região serrana do Rio de Janeiro. Flauzino, que é professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal Fluminense (ISC/UFF), estará no debate “A Ciência contra as Fake News”, no bar Brew Point, e abordará principalmente o movimento antivacina.

Regina acredita que é necessário trazer dados corretos para os cidadãos, a fim de combater as premissas falsas e folclores que abordam o tema: “A importância de debater fake news na ciência e na saúde é a de desmistificar a ciência e os cientistas, apresentar informações de qualidade para combater a influência da divulgação de materiais elaborados por grupos antivacinistas, através de mídia sensacionalista, que provocam a insegurança das pessoas em relação aos imunobiológicos”, explica. A relutância das pessoas para se vacinarem – ou vacinarem seus filhos – foi considerada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das dez ameaças à saúde global a serem combatidas em 2019. Isto é porque estes grupos, que muitas vezes também disseminam alertas falsos sobre o método de prevenção, colocam em risco o progresso no combate às epidemias evitáveis por imunização.

A Organização Panamericana de Saúde (OPAS/OMS) registra que evitam-se de 2 a 3 milhões de mortes por ano com a  imunização, mas que doenças erradicadas em vários países estão aumentando em todo o mundo – apesar da disponibilidade da tecnologia. O Brasil também é cenário da volta de doenças consideradas extintas, ainda que seja referência mundial no Programa Nacional de Imunizações (PNI). É o caso do sarampo: em 2016 o país recebeu da OPAS o certificado de eliminação do vírus, mas já em 2019 apresenta um novo surto da doença. Também houve um alerta contra a volta da poliomielite, ainda em 2018, quando dados do Ministério da Saúde apresentaram uma queda na cobertura vacinal.

A professora Regina Flauzino afirma que o movimento antivacina nacional não é a principal razão para as pessoas não aderirem ao calendário de imunização, mas que desperta preocupações: “A não adesão à vacinação está relacionada à falta de percepção de parte da população sobre a importância de prevenir doenças infecciosas pela imunização. O sucesso das ações de Imunizações gerou uma falsa sensação de segurança de que muitas doenças imunopreviníveis não existem mais e os pais não vêem mais essas doenças como um risco, e acreditam que não existe necessidade de se vacinar ou vacinar seus filhos. Por outro lado, a divulgação de informações incorretas pela mídia e redes sociais de eventos adversos e efetividade das vacinas gera medo e insegurança, o que ajuda a explicar a persistência de grupos antivacinais no país”.

A Abrasco atribui a queda da cobertura vacinal no Brasil à combinação de diversos fatores, para além do movimento antivacina. Em nota emitida pela associação, destaca-se – tal qual Flauzino – a falsa sensação de segurança atribuída ao sucesso do PNI, e também a fragilidade no contexto político e econômico e, sobretudo, o déficit no orçamento do Sistema Único de Saúde: “[…] a crise de financiamento e a piora dos serviços do SUS têm hoje papel determinante na limitação do acesso à vacinação. A falta e alta rotatividade de profissionais, a estagnação das equipes de Estratégia de Saúde da Família, más condições de trabalho que dificultam ações de vigilância, como a busca ativa e investigação epidemiológica e desabastecimento de vacinas na rede pública”.

Para Flauzino, uma estratégia importante é tentar pautar a mídia: “Quando as informações sobre a saúde são divulgadas para a população através da internet, em matérias de jornais, revistas, entrevistas em rádio e TV, com conteúdos elaborados por profissionais comprometidos que procuram fontes seguras de informação, a mídia torna-se uma aliada de extrema importância para a área da saúde”, explica. A professora também aponta o Pint of Science como um evento que populariza a divulgação científica: “São ações como esta que contribuem para a disseminação da ciência de forma descontraída e informal, possibilitam debates e informações de qualidade para todo tipo de público. É a ciência indo ao encontro da população”.

Além de Regina Flauzino, a conversa sobre fake news e ciência contará com o professor Thiago Signorini, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que abordará os terraplanistas. Para ir ao encontro da ciência, veja em quais bares de sua cidade o Pint of Science acontecerá.

Serviço:

Pint of Science Petrópolis 2019
Data: 21/05/2019
Local: Brew Point – Avenida Ayrton Senna, 179, Quitandinha, Petrópolis – RJ
Hora: 19:30

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