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Febre Amarela: Situação Atual e Dificuldades de Controle

Nesta última semana de março, o Ministério da Saúde brasileiro notificou 492 casos confirmados de febre amarela, com 162 mortes confirmadas. Outros 1.101 casos suspeitos estão sob investigação. Um total de 1.324 epizootias — ou mortes em primatas possivelmente associadas à febre amarela — foram informadas à pasta federal. Dessas, 387 foram confirmadas por laboratório ou vínculo epidemiológico como causadas por febre amarela, enquanto outras 432 ainda estão sendo investigadas.

Até o momento, nos quatro estados com casos confirmados de febre amarela – Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo –, todos foram relacionados à transmissão por meio das espécies de mosquito Haemagogus e Sabethes. No entanto, ocorrências confirmadas em seres humanos e macacos em municípios próximos a grandes áreas urbanas indicam um potencial risco de urbanização do surto.

Diante deste cenário o Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva organizaram o debate “Febre Amarela: Situação Atual e Dificuldades de Controle”, que será realizado em Salvador, no dia 7 de abril, e contará com transmissão online. “É o maior surto de febre amarela no país desde os anos 1980”, afirma a professora e pesquisadora do ISC Maria da Glória Teixeira, que coordena o evento. Ela pondera, contudo, que não se trata de um surto urbano da doença (que é mais grave, do ponto de vista epidemiológico), e sim do chamado surto silvestre, em áreas de floresta, que tem como principais vítimas os macacos. Os dados do MS apontam 387 casos confirmados de febre amarela em macacos (primatas não-humanos), e outros 432 em investigação em todo o Brasil.

O debate começará às 09h00 com a apresentação da situação atual que será feira por Eduardo Hage, do Instituto Sul Americano de Saúde de Governo em Saúde – ISAGS. Hage é professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA e da Escola Nacional de Saúde Pública – Fiocruz e ainda consultor ad hoc da Organização Mundial da Saúde. O professor fará um histórico dos últimos eventos mais relevantes sobre a Febre Amarela, desde o 1999 – “Vou apresentar as hipóteses que foram levantadas por alguns pesquisadores sobre a sequencia de ciclos de expansão da circulação do vírus e, principalmente as principais lacunas para entender o comportamento da Febre Amarela neste período, bem como as implicações para o seu controle. Ou seja, não pretendo trabalhar com respostas (recomendações) fáceis de fazer no “calor” da emergência, mas buscar aprofundar o debate sobre este tema que não tem tido solução desde há quase 20 anos”, explica Eduardo.

Os aspectos críticos do controle e risco de reurbanização serão o tema da apresentação do professor Pedro Luiz Tauil da Universidade de Brasília, que há décadas acompanha o tema e avalia – “o atual surto é mais preocupante que o anterior, ocorrido entre 2008 e 2009”. Segundo Tauil, a complexidade do controle sobre o vetor é muito grande e ultrapassa os limites do setor saúde, requerendo ações intersetoriais que abranjam, entre outras, educação, comunicação social, saneamento básico, limpeza urbana e políticas habitacionais – “Estamos falando de um problema gerado pelo processo de desenvolvimento desigual e com forte impacto negativo sobre a vida das pessoas, especialmente as mais pobres. Não se trata de uma guerra da Humanidade contra o mosquito, mas do resultado de um padrão de desenvolvimento econômico, portanto de ações que ocorrem na sociedade e em sua relação com a natureza”, conclui.

Um dos maiores especialistas do mundo em febre amarela e diretor do Instituto Evandro Chagas (referência para o diagnóstico da doença), o virologista Pedro Fernando da Costa Vasconcelos vai abordar a “Definição de áreas de risco: Vigilância de Epizootias e Diagnóstico Laboratorial”. Vasconcelos afirma que o surto atual poderia ter sido evitado pela imunização e que todas as crianças de até 1 ano deveriam ser vacinadas. Sobre a possibilidade da Febre Amarela poder chegar às cidades, o diretor chama atenção – “Sim, é possível, mas não é provável. A Febre Amarela urbana (FAU) tem sido registrada em áreas urbanas com elevados índices de infestação vetorial (de mosquitos Aedes aegypti), que aparentemente não temos em nosso meio, considerando os dados oficiais do Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti – LIRAa’s disponíveis. Na África onde tem ocorrido epidemias de FAU, os índices de infestação estavam acima de 30%. A média dos índices de infestação rápido mais recentes no Brasil está abaixo de 3%”, relata Pedro.

O Dr. Reinaldo de Menezes Martins, consultor científico sênior do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos – Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz, Bio-Manguinhos, será o último debatedor em Salvador e vai falar sobre a Vacina 17D: Perspectiva de Redução de Efeitos Adversos Graves – “Para a Febre Amarela selvagem as pessoas que estão em contato com matas com epizootias somente estão protegidas se estiverem vacinadas. Exceto pessoas com contraindicações claras, todas devem ser vacinadas. 80% é pouco”, alerta Reinaldo.

Serviço

Debate UFBA/Abrasco “Febre Amarela: Situação Atual e Dificuldades de Controle”
Dia: 7 de abril de 2017
De: 09h00 às 12h00
Local: Auditório do Instituto de Saúde Coletiva
Coordenação: Maria Glória Teixeira ISC/UFBA

Programação:
Situação Atual
(Eduardo Hage/Instituto Sul Americano de Saúde de Governo em Saúde)
Aspectos críticos do controle e risco de reurbanização
(Pedro Luis Tauil/ Universidade de Brasília)
Definição de áreas de risco: Vigilância de Epizootias e Diagnóstico Laboratorial
(Pedro Fernando Vasconcelos/Instituto Evandro Chagas)
Vacina 17D: Perspectiva de Redução de Efeitos Adversos Graves
(Reinaldo de Menezes Martins/ Biomanguinhos/Fiocruz)

Transmissão online através do endereço aovivo.ufba.br/saúde
Questões e comentários em tempo real pelo e-mail seminarioisc@ufba.br

 

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