Pesquisar
Close this search box.

 NOTÍCIAS 

O desafio e o sucesso do PROFSAÚDE refletidos na formatura da 1ª turma

Na plateia a diversidade já levantava a ponta do véu do que seria importante naquela cerimônia de formatura: o orgulho de discentes que levaram consigo pais, mães, filhos, maridos, esposas e amigos para a Formatura da 1ª Turma do Mestrado Profissional em Saúde da Família, o PROFSAÚDE, que aconteceu na manhã da sexta-feira, 30 de agosto, no Museu da Vida da Fiocruz, em Manguinhos, no Rio de Janeiro: – “O talento, a força de vontade, a persistência e a superação trouxeram vocês até aqui. Esperamos que esta vitória seja o início de muitas outras conquistas que vão impulsionar outras buscas e abrir novos horizontes, sempre apontando para um futuro luminoso.” disse a Coordenação Acadêmica do Mestrado.

Lançado em 2015 num esforço institucional de ampliar a formação médica pós-graduada no campo da formação para Atenção Primária em Saúde, o Mestrado Profissional em Saúde da Família o PROFSAÚDE é um programa de pós-graduação stricto sensu em Saúde da Família, reconhecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes do Ministério da Educação. A coordenação nacional é composta por Luiz Augusto Facchini, pela Abrasco, e por Maria Cristina Guilam e Carla Pacheco Teixeira, ambas pela Fiocruz.

Conheça aqui o novo site do PROFSAÚDE.

Antes de cumprimentar os formandos, Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Abrasco, pontuou a formação da mesa de abertura: – “Estar nesta mesa com a Maria Célia, Adriana, Nísia, Cristiane e Samanta é muito importante, a única vez que eu vi uma mesa assim foi durante um congresso no Canadá onde todas as autoridades eram mulheres. Mas isso foi no Canadá, um país onde os governantes respeitam as mulheres… isso faz toda a diferença. E é um prazer ver na plateia homens que respeitam estas mulheres.” Ainda para a Gulnar é papel da Abrasco, enquanto sociedade científica em prol da Saúde Coletiva, facilitar as cooperações para um trabalho em conjunto: – “A Saúde da Família e a Saúde Coletiva são irmãs e o nosso objeto único é melhorar a saúde da população. Sozinhos não vamos a lugar nenhum, as parcerias são fundamentais. O trabalho do PROFSAÚDE é inovador e vai muito além dos conteúdos, os médicos que hoje estão se formando agora percebem que sozinhos não podem fazer tudo pela Saúde e que o importante é o trabalho multiprofissional, é valorizar o trabalho do agente comunitário de saúde, do professor nas escolas da rede pública, enfermeiros, psicólogos, dentistas, nutricionistas. Não podemos trocar esse modelo pelo que está sendo imposto hoje: que só fala no médico e de uma carteira de cuidados médicos. Cada um que sair daqui voltará para sua cidade entendendo e mostrando aos colegas que é possível se formar valorizando a Saúde Coletiva”. Avalia a presidente abrasquiana.

Para a presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Nísia Trindade Lima, o dia da formatura é um daqueles momentos felizes de afirmação do Sistema Único de Saúde – SUS: – “Meu cumprimento para esta mesa se faz em compromisso pela continuidade deste trabalho, quero fazer uma saudação especial aos novos mestres pois eu sei que o desafio não foi pequeno…” Nísia lembrou sua participação na construção do PROFSAÚDE e pontuou o processo de elaboração da iniciativa: -“Na época parecia uma quimera… a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior  – Capes não entendia a proposta mas acabamos avançando. É importante hoje ressaltar uma ideia que foi central nessa proposta: o PROFSAÚDE foi uma iniciativa a partir do programa Mais Médicos e considerávamos imprescindível aproximar duas tradições: a medicina da família e comunidade e a tradição da saúde coletiva. Na minha opinião é esta linha que deve orientar o debate sobre o novo programa Médicos pelo Brasil. Atualmente falamos muito em dificuldades mas eu quero falar em potência e na força das nossas ideias e que só podem se realizar plenamente nestes espaços de diálogo espaços que honram a continuidade do SUS com toda a sua complexidade e com a toda a sua beleza” salientou Nísia.

Acesse aqui o álbum de fotografias no Flickr Abrasco.

Além de Gulnar e Nísia, a mesa de abertura contou com a participação da Coordenadora-Geral Substituta de Ações Estratégicas, Inovação e Avaliação da Educação em Saúde/DEGES/SGTES do Ministério da Saúde Adriana Fortaleza Rocha da Silva; Diretora Substituta de Desenvolvimento da Educação em Saúde DDES/SESU do Ministério da Educação Aldira Samantha Garrido Teixeira; Maria Célia Vasconcellos, representando o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – Conasems e Cristiane Machado, Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz.

A cerimônia continuou com uma mesa de agradecimentos formada por Maria Cristina Rodrigues Guilam, Coordenadora Acadêmico Nacional; Carla Pacheco Teixeira, Coordenadora Executiva Nacional e o professor Luiz Augusto Facchini, presidente Abrasco na gestão 2009 – 2012 e atualmente Pró-Reitor do PROFSAÚDE que logo no início de sua fala brincou: – “Bom, é melhor chorar antes de falar, vocês não acham? Para depois não precisar segurar a emoção!”

O professor da Universidade Federal de Pelotas que ainda é coordenador da Rede de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde da Abrasco reforçou que um dia de formatura é um dia de festa acadêmica: – “Todas as instituições envolvidas neste mestrado têm sua trajetória na saúde do Brasil – história nem sempre fácil e nem sempre acolhedora para seus filhos. Mas hoje é dia de pensar nas conquistas, mesmo tendo tantas dificuldades do cotidiano, de criar a vida, de poder produzir aquilo que pode ser significativo para o percurso de todos nós e nada disso seria razoável se isso não tivesse como grande destinatário a nossa população brasileira, a melhoria da saúde destas pessoas, daqueles que realmente são os senhores deste país e que muitas vezes por qualquer cochilo são deixados de lado e desconsiderados.”

Facchini se debruçou sobre o nascimento do programa como compromisso ao SUS num dos países mais desiguais do mundo: – “Como um país capaz de acumular tantas riquezas pode ser tão desigual? E no entanto aqui não existe uma figura já tão comum nos países ricos: os gastos catastróficos em saúde que é quando uma pessoa para fazer frente às necessidades de custear tratamentos de saúde perde boa parte daquilo que possui. No Brasil não temos isso desde a criação do SUS e fomos capazes de, com a Constituição de 1988 e todo o trabalho do Movimento da Reforma Sanitária, de construir um sistema generoso para todos que coloca em grau de similaridade os pobres e os mais ricos. O SUS é sim uma das políticas brasileiras mais inclusivas desse país, e precisa ser defendida porque o fim do SUS é a tragédia”, disse.

Ele lembrou ainda a importância da Estratégia de Saúde da Família: – “Mesmo com dificuldades de subfinanciamento conseguimos estender nossa ESF para mais de 40 mil equipes para mais de 130 milhões de pessoas no Brasil. Tivemos a capacidade de propor um projeto pedagógico inovador em rede com mais de 20 instituições. Estamos em pleno andamento da segunda turma e já a caminho de uma terceira que será multiprofissional numa verdadeira integração da academia e do serviço.” O professor fechou sua fala com uma novidade – “Nós temos condições de sonhar para breve, muito breve, propor um doutorado profissional em saúde da família.”

O desafio e o sucesso do PROFSAÚDE

O Pesquisador do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, professor Luis Eugenio de Souza, que presidiu a Abrasco de 2012 a 2015, lembrou o documento aprovado em 2014, durante o Seminário de Formação Profissional em Saúde & Ensino da Saúde Coletiva, que aconteceu em Porto Seguro, numa realização da Abrasco, UFSB e ISC-UFBA: – “Na Carta de Porto Seguro, aprovada ao final do Seminário, afirma-se que a expansão do SUS aponta fortemente para a necessidade de adequar a formação de profissionais ao atendimento das necessidades de saúde da população e às demandas dos serviços públicos, de modo a qualificar o aumento da cobertura da atenção básica e enfrentar os desafios da oferta de uma assistência tecnicamente eficaz, humanamente solidária e eticamente acessível e oportuna. Foi, assim, com o objetivo de contribuir para essa adequação da formação de profissionais que a Abrasco assumiu naquela ocasião o enorme desafio de abrigar e coordenar uma rede de 22 instituições de ensino superior de todas as regiões do país, dispostas a oferecer um curso de mestrado profissional em Saúde Coletiva. Nesse sentido, é muito gratificante poder atestar, cinco anos depois, o sucesso dessa iniciativa, vendo a primeira turma se formar, com um total de 180 mestres, e saber ainda que duas outras turmas se encontram em formação. Hoje, em um momento difícil da vida nacional, de ataques violentos a avanços civilizatórios, tão duramente conquistados pelos brasileiros, é um alento ver um novo e aguerrido contingente de médicos, agora mestres em Saúde Coletiva, se juntar aos defensores do SUS e do direito universal à saúde”, pontuou Eugenio.

Carla Pacheco Teixeira, Coordenadora Executiva Nacional, fez agradecimentos a cada envolvido no programa: -“Parabéns cada mestre que não desistiu mesmo diante de uma conjuntura tão desfavorável para o militante da atenção primária e do SUS.” Mas o obrigada especial quase não saiu da voz embargada pela emoção: -“Quero de forma muito especial agradecer à Cristina, pela sua coragem de aceitar o desafio de ser coordenadora acadêmica do PROFSAÚDE e por acreditar em mim.”

A mesa fechou com música: Cristina Guilam contou que “Mesmo não sendo pessoa de briga reclamei muito com quem fez o vídeo da homenagem por causa da trilha sonora. Pois eu queria que todos soubessem, pela música também, do que nós estávamos falando, mas ele me respondia que as músicas possuem direitos autorais e que o correto era utilizar as chamadas trilhas brancas… enfim: não consegui colocar no vídeo a música que queria e por isso  eu a vou cantar aqui:

Isto aqui, ô ô
É um pouquinho de Brasil iá iá
Deste Brasil que canta e é feliz
Feliz, feliz,

É também um pouco de uma raça
Que não tem medo de fumaça ai, ai
E não se entrega não”

Associe-se à ABRASCO

Ser um associado (a) Abrasco, ou Abrasquiano(a), é apoiar a Saúde Coletiva como área de conhecimento, mas também compartilhar dos princípios da saúde como processo social, da participação como radicalização democrática e da ampliação dos direitos dos cidadãos. São esses princípios da Saúde Coletiva que também inspiram a Reforma Sanitária e o Sistema Único de Saúde, o SUS.

Pular para o conteúdo