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‘Nenhum direito a menos!’ Fórum da Reforma Sanitária delibera ações

A Abrasco convidou todos os representantes do Fórum da Reforma Sanitária para uma reunião na sexta-feira, 3 de junho, em São Paulo, e em quase 5 horas de debate, entidades da Saúde Coletiva, representantes de movimentos sociais, organizações e jornalistas, acordaram vários encaminhamentos – que reforçam a realização de ações conjuntas e articulações com outros movimentos em defesa do SUS. Para Gastão Wagner, presidente da Associação, é preciso ultrapassar a ‘bolha’ que mantém o debate entre os mesmos da Saúde Coletiva – “Precisamos superar nossa bolha, reanimar o campo da Reforma Sanitária e junto com os movimentos sociais, disputar a hegemonia. A Abrasco é a favor da responsabilidade fiscal, sabemos que nosso país tem dinheiro para o SUS e para as políticas públicas sociais e de direitos, precisamos é reformar a dívida, as prioridades do orçamento, pensar num sistema progressivo nos impostos. Ninguém tem legitimidade para promover reformas contra os direitos dos brasileiros”, lembrou Gastão.

Como representantes da Rede Unida, Túlio Batista Franco e Luciano Bezerra Gomes lembraram que o importante agora é mobilizar os usuários do SUS, os setores populares da Saúde e propuseram a realização de uma uma Conferência Nacional Extraordinária de Saúde, com os delegados da 15ª Conferência – “Além do conjuntural temos que resgatar o debate estratégico. Precisamos aprender com as novas formas de comunicação e se intervenção, como Levante Popular da Juventude” destacou Luciano.

Coordenador da Comissão de Política, Planejamento e Gestão da Abrasco, Alcides Miranda  defendeu que o moralismo sempre foi instrumentalizado para a retirada de direitos – “Se esgotou a Nova República do pós constituição de 1988, presidencialismo de coalizão. Esta transição conservadora quer manter a pequena política (diminuindo o poder do Executivo em favor não de uma ampliação democrática, mas de uma hegemonia do Parlamento conservador). A estratégia agora passa por uma Reforma Constitucional e Política?” pergunta Alcides. Também membro da Comissão, a professora Ligia Bahia lembrou o título do mais recente editorial de Gastão Wagner na revista Ensaios & Diálogos em Saúde Coletiva – “A Esperança somos nós, precisamos caminhar sabendo que a esperança somos nós. Precisamos ter movimentos intensos mas extensos, precisamos produzir um material de manifesto político e poético” propôs Ligia.

Do Comitê de Assessoramento de Ciência e Tecnologia da Abrasco, ex-presidente da Associação Luis Eugenio Sousa pontuou o debate com a questão econômica – “Quem não está confuso está mal informado, proponho que coloquemos em evidência neste debate dois pontos: a trajetória da crise econômica que na minha opinião deu bases ao processo de impeachment e que é determinante na disputa da sociedade. Gritamos agora um “Fora Temer” mas qual é efetivamente a nossa proposta para superar esta crise? O segundo ponto é sobre a ameaça à democracia através de dinâmicas eleitorais em curso nas instituições”.

Ex-presidente do Conselho Nacional de Saúde e atualmente pesquisadora da Fiocruz em Brasília, Socorro Sousa comentou que ainda se reproduz o modelo tradicional de fazer política – “Precisamos ampliar espaços as novas formas de fazer política e repensar novas táticas e estratégicas. O projeto popular precisa voltar ao de cima”.  Leo Pinho, da Abrasme e Conselho Nacional de Direitos Humanos, reforçou a participação das entidades do Fórum nas manifestações do dia 10 – “Precisamos ter o Bloco da Saúde no dia 10 de junho e após o dia 10, realizar diversos atos, aulas públicas e ocupações nas Assembleias Legislativas em todo o país com nossa Plataforma”.

Militante histórica da Reforma Sanitária Brasileira, Sonia Fleury comentou emocionada a sua participação em reuniões pela Saúde Coletiva – “Sou do tempo que nos reuníamos na casa do (Sérgio) Arouca num dia e no outro escolhíamos qualquer outra casa para não sermos descobertos pelos militares. Depois, começamos a nos reunir com os ministros da saúde recém empossados, para uma espécie de ‘benção’, que de nada adiantava – eles nem ligavam pra nós nos anos seguintes! Então deixei de frequentar reuniões assim, já não tinha ânimo para o debate que não nos mobilizava e nem nos mantinha unidos. Mas hoje estou orgulhosa, estou feliz porque estamos juntos de novo, movimentos e entidades, fora dos limites das instituições, precisamos mobilizar afetos e criatividades. Na minha opinião estamos atualmente diante de dois engodos: – o presidencialismo de coalizão (o tratamos como se funcionasse, e abrimos mão da discussão das classes); – o segundo engodo é termos pensado que a nossa democracia era uma instituição firme, mas agora sabemos que os poderes no Brasil são frágeis. O nosso sistema partidário nos traz um sério e complexo problema de representatividade e essa crise deixou bem claro que a disputa é de projetos societários (de interesses de classes). Então usemos a crise para retomar uma proposta de sociedade, debater quais plataformas e sentidos que temos de futuro” sugeriu a professora da FGV.

Nelson Rodrigues dos Santos finalizou o debate – “Sei que com certeza sou o mais velho desta reunião, e por isso mesmo não posso deixar de registrar minha alegria ao ver a juventude participando do Movimento da Reforma Sanitária, vamos, sem mea culpa e sem apontar o dedo, responder onde residiram os erros e distorções do tucanato e do petismo! Erros e distorções que aconteceram por não ouvirem a sociedade. Na minha opinião, não estamos a desconstruir o SUS porque não chegamos a concluir a construção dele – vamos terminar nosso trabalho!” convidou ‘Nelsão’ atual presidente do Instituto de Direito Sanitário Aplicado – IDISA.

Além da Abrasco, todas estas entidades enviaram seus representantes:
Abrasbuco
Abrasme
Abres
APSP
Cebes
Idisa
Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares
Rede Unida
Sociedade Brasileira de Bioética.

Conselho Federal de Psicologia
DMP/FMUSP
FSP/USP
IPUSP
Ensp/Fiocruz
Fiocruz Brasília.
Ebape/FGV
FCMSC-SP
IESC/UFRJ
ISC/UFBA
Instituto de Saúde/SES-SP.
UFF
UFMG
UFPB
Comissão de Alunos USP Saúde pela Democracia.
Pedro Tourinho, Vereador Campinas.

Álvaro Escrivão Junior – coordenador do GTISP da Abrasco

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