Na abertura da reunião, que contou com mais de 15 editores de publicações da Saúde Coletiva, Rosana destacou que o cenário adverso pelo que a ciência passa exige a necessidade não apenas de resistência, bem como de estratégias para o futuro. Um trabalho de articulação interno, com as demais instâncias da Abrasco, e externo, com entidades nacionais e internacionais, visando o fortalecimento das revistas no eixo Sul-Sul, foram alguns elementos apontados pela presidente da Abrasco.
Na sequência, diversos editores ressaltaram vitalidade da área. Mesmo sob grandes restrições financeiras, as revistas da saúde coletiva continuaram a ampliar o espaço para a divulgação da produção científica do campo. A procura de mais 5 mil profissionais pelo curso para revisores recentemente oferecido em parceria entre a Revista Brasileira de Epidemiologia (RBE) e a Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde (RESS) é uma demonstração da mobilização da comunidade da área em torno da publicação científica.
Também foi debatida a dificuldade em conseguir revisores para os artigos, em particular para alguns temas, como saúde da população indígena e de outras populações vulnerabilizadas. Apesar das dificuldades, o grupo entende que tais pautas devem ser acolhidas pelas revistas e incentivadas por meio de estratégias editoriais específicas. Além disso, foi destacado que a equidade de gênero, raça e origem geográfica deve ser observada pelas revistas, inclusive na composição do corpo editorial, de modo refletir a diversidade brasileira, sem deixar de mirar na sua internacionalização.
O tema da internacionalização, aliás, tem demandado também cada vez mais atenção dos pesquisadores que exercem liderança nas editorias científicas. Nesse contexto, foram levantadas algumas questões: Como dimensionar as demandas de pesquisadores e grupos de pesquisa de ponta por publicar em revistas prestigiadas em língua inglesa e não esvaziar a construção coletiva do conhecimento da área em língua portuguesa nas revistas nacionais? Como viabilizar a publicação nacional em acesso aberto num cenário que vive tal dilema?
Leila Posenato Garcia, Editora Associada da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional (RBSO) e Coordenadora do Fórum de Editores, avalia que “O Fórum de Editores da Abrasco, nos últimos anos, atuou fortemente na promoção da diversidade e equidade de gênero na pesquisa e na publicação, bem como na defesa das revistas brasileiras da saúde coletiva, em diálogo com os representantes da área na CAPES e com a SBPC. Também teve papel importante ao pautar esses temas nos eventos da Abrasco, de outros Fóruns e sociedades científicas.”
Ao fim da reunião, os editores começaram a trabalhar na consolidação de uma agenda temática para ser dialogada com a diretoria da Abrasco e desenvolvida a partir da renovação da coordenação do grupo. O fortalecimento de ações políticas, científicas e editoriais visando a sustentabilidade das revistas; a promoção da equidade e diversidade na pesquisa e na publicação científica; o fomento a estruturas capazes de acolher denúncias, investigar e punir os casos nos quais existe comprovação de má-conduta e desrespeito à integridade na pesquisa e na publicação; a formação de editores e parcerias; foram pontos avaliados em seus avanços e necessidade de consolidação para os próximos ciclos.
Fórum de Editores no EPI 2021: O 11º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que será realizado de 22 a 26 de novembro de 2011, contará com duas mesas que debaterão temas relacionados à publicação científica: integridade, sustentabilidade, equidade e ciência aberta. Após o Congresso, o Fórum de Editores se reunirá novamente para avaliar as atividades, eleger sua nova coordenação e definir a agenda de trabalho.