

Mesa “A graduação em Saúde Coletiva como projeto ético-político: horizontes democráticos e desafios curriculares no SUS” – Foto: Kio Lima/Abrasco 
Mesa “A graduação em Saúde Coletiva como projeto ético-político: horizontes democráticos e desafios curriculares no SUS” – Foto: Kio Lima/Abrasco 
Mesa “A graduação em Saúde Coletiva como projeto ético-político: horizontes democráticos e desafios curriculares no SUS” – Foto: Kio Lima/Abrasco 
Entre a formação e o trabalho: a construção da identidade sanitarista, os sentidos da regulamentação da profissão e os desafios da inserção no mundo do trabalho 
Entre a formação e o trabalho: a construção da identidade sanitarista, os sentidos da regulamentação da profissão e os desafios da inserção no mundo do trabalho
Durante o 14º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, realizado em Brasília, o Fórum de Graduação em Saúde Coletiva da Abrasco (FGSC/Abrasco) promoveu uma oficina pré-congresso e duas mesas-redondas que reuniram discentes, egressas e egressos, docentes, coordenações de curso e demais interessadas e interessados na formação em Saúde Coletiva. As atividades concentraram-se no debate sobre formação, com articulação entre Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), currículos e integração ensino–serviço–comunidade, avançando na consolidação da identidade sanitarista e no fortalecimento da inserção profissional. As discussões reafirmaram a graduação em Saúde Coletiva como um projeto ético-político orientado pela Reforma Sanitária e pela radicalidade democrática.
O 14º Abrascão foi realizado de 28 de novembro a 3 de dezembro, no Centro Internacional de Convenções do Brasil (CICB), em Brasília, com o tema “Democracia, equidade e justiça climática: a saúde e o enfrentamento dos desafios do século XXI”. O evento reuniu mais de 8 mil participantes, entre pesquisadoras e pesquisadores, profissionais de saúde, estudantes, gestores e representantes de movimentos sociais de todo o país.
No pré-congresso, em 28 de novembro, o FGSC realizou a oficina Currículo em movimento: estratégias coletivas para a implementação das DCN na Graduação em Saúde Coletiva, com o objetivo de promover reflexão crítica, troca de experiências e construção coletiva para a adequação dos projetos pedagógicos às diretrizes nacionais. A coordenação do Fórum apresentou resultados do levantamento nacional sobre a aderência dos currículos às DCN e, a partir do debate com representantes de nove cursos, foram identificados desafios comuns, recomendações factíveis e apoios necessários. Entre eles, destacaram-se a produção de materiais de divulgação dos cursos de Graduação em Saúde Coletiva, a análise sistemática de dados de ingresso e evasão e a definição de estratégias para o fortalecimento da identidade profissional.
Considerando o novo ciclo de avaliação do INEP previsto para 2026, foi ressaltada a necessidade de ampliar a divulgação dos instrumentos avaliativos e de promover espaços de diálogo entre os cursos. O grupo também apontou lacunas que demandam debate qualificado, como relações étnico-raciais, meio ambiente e crise climática, interseccionalidade, gênero, interprofissionalidade e saúde digital. Ao final, o FGSC reafirmou o compromisso de mobilizar esforços para a realização do Seminário da Graduação em Saúde Coletiva entre junho e agosto de 2026.
Com salas cheias e público diverso, as duas mesas-redondas organizadas pelo Fórum articularam formação, identidade sanitarista e inserção profissional em debates complementares. A mesa A graduação em Saúde Coletiva como projeto ético-político: horizontes democráticos e desafios curriculares no SUS, realizada em 2 de dezembro, das 10h20 às 11h50, foi coordenada por Lívia Teixeira de Souza Maia (UFPE/FGSC-Abrasco) e contou com Isabela Cardoso Pinto (UFBA), Marília Louvison (USP) e Dara Andrade Felipe (SMS Recife). O debate enfatizou a formação como projeto ético-político, com destaque para a implementação das DCN, a defesa de currículos integradores e a valorização de práticas pedagógicas ancoradas no território.
Na sequência, a mesa Entre a formação e o trabalho: a construção da identidade sanitarista, os sentidos da regulamentação da profissão e os desafios da inserção no mundo do trabalho, realizada em 2 de dezembro, das 13h10 às 14h40, foi coordenada por Marcelo Victor de Arruda Freitas (UFPE) e reuniu Vinício Oliveira (UFPR), Evellin Bezerra (SGTES/MS) e Fernanda Silva Scher (UFBA). Com composição majoritariamente de egressas e egressos, incluindo representante da Associação Brasileira de Sanitaristas (ABASC), e participação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, a mesa analisou potências e limites da Lei nº 14.725/2023, abordando desde o significado político-jurídico da regulamentação da profissão até as condições concretas para cargos, concursos e gestão do trabalho no SUS.
O 14º Abrascão também marcou avanços relevantes para a profissão sanitarista. Durante sua fala grande debate “A Saúde e os Desafios do Século XXI”, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assinou duas portarias que operacionalizam a Lei nº 14.725/2023. A Portaria GM/MS nº 9.029, de 28 de novembro de 2025, institui a Comissão Técnica de Registro Profissional do Sanitarista, responsável por estabelecer critérios e procedimentos para o registro profissional. A segunda portaria cria o Comitê de Acompanhamento da Formação e da Regulamentação da Profissão do Sanitarista, com a atribuição de orientar a formação e acompanhar a implementação da lei no âmbito do Sistema Único de Saúde. A Abrasco integra o comitê por meio da participação de Lívia Souza, do FGSC, e de Isabela Cardoso, Marília Louvison e Rosana Onocko.


