No último dia do 12º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, o auditório da Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz – Asfoc-SN / Fiocruz recebeu a mesa-redonda sobre Desafios atuais para a Gestão de Emergências e Desastres em Saúde no SUS, que objetivou esclarecer características e procedimentos para responder uma crise sanitária. O seminário foi coordenado pelo representante do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Cepedes/Fiocruz), e contou com a presença da diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST), do Ministério da Saúde, Daniela Buosi, do diretor de Emergência em Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Ciro Ugarte, e do pesquisador do Centro de Integração de Dados e Conhecimento para Saúde do Instituto Gonçalo Moniz (Cidacs/Fiocruz Bahia), Wanderson Kleber.
Ao abrir a mesa, Ciro Ugarte especificou as características de uma crise sanitária e a necessidade das crises de um enfoque multissetorial para uma resposta rápida. O representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) explicou que durante crises de saúde pública, é muito importante que se tenha a possibilidade de controlar a situação, e que o medo e a negação são algumas das características de uma crise sanitária.
Ugarte também especificou que deve ser desenvolvida a capacidade de produzir informações científicas confiáveis provenientes de instituições públicas autoridades no assunto. “Nenhuma crise sanitária se comporta de acordo com o previsto. O controle da epidemia é extremamente importante, mas muitas vezes é complicado, porque muitas instituições querem coordenar uma ação simultaneamente, e ninguém quer ser coordenado”, enfatizou. “O problema também é que normalmente os representantes que tomam as decisões durante as crises são as pessoas que não participaram de seminários a respeito do assunto”, concluiu.
Já o pesquisador Wanderson Kleber, da Fiocruz Bahia, apresentou um histórico de epidemias e emergências sanitárias e ressaltou a importância de estudar respostas anteriores a crises para se preparar para futuros cenários brasileiros. “Também há a necessidade de se atentar a componentes centrais da resposta para crises sanitárias, a detecção, verificação, notificação, avaliação e governança”, exemplificou.
Wanderson chamou a atenção para um cenário recorrente sobre crises. “A premissa da capacidade de uma resposta para emergências depende de um conjunto de ações institucionais e da comunidade, mas na verdade o que sempre acontece é que os recursos da comunidade são muitas vezes negligenciados”, ressaltou.
Encerrando a mesa, a diretora do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, Daniela Buosi, esclareceu que por mais que o Ministério da Saúde esteja preparado para uma crise, os primeiros casos acontecem a nível local. “Mesmo que estejamos com 97% das capacidades básicas para conter uma crise atingidas, então não adianta pensarmos numa lógica e organizar no Governo Federal e imaginar que isso vá dá certo em todo o Brasil”, disse.
Daniela usou seu tempo para especificar os tipos de emergências em saúde pública, estratégias para atuação em emergência e desastre, mecanismos de coordenação para monitoramento e procedimentos em determinados cenários e os principais desafios da estrutura atual, como a fragmentação do comando. “Se eu tenho vários comandos, tenho várias pessoas tomando decisões ao mesmo tempo, e isso pode gerar um conflito. A forma de atuar é a mesma para várias emergências em saúde pública, portanto, o objetivo é fazer com que o comando e o acionamento sejam únicos”, concluiu.