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Governo mantém apagão estatístico para o Censo 2020

Bruno C. Dias

O que parecia um balão de ensaio do início do governo Bolsonaro caminha para a consolidação. A redução em 25% do orçamento do Censo 2020 foi um dos primeiros temas comentados por Paulo Guedes, ministro da Economia e foi devidamente encampado pela presidente do Instituto, Susana Guerra, que tomou posse no final de fevereiro.

Previsto inicialmente em R$ 3,2 bilhões, esse importante instrumento de pesquisa que tem o papel de refletir o cenário social brasileiro traz importantes séries históricas que ficarão profundamente abaladas pelo corte.

Conforme traz a matéria “Rumo a um apagão estatístico?“, redigida pelo repórter André Antunes, da Escola Politécnica em Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) o questionário divulgado pela direção do IBGE tem cortes no número de perguntas em comparação ao censo realizado em 2010. Tanto o questionário básico, aplicado a 90% dos mais de 70 milhões de domicílios brasileiros, quanto o de amostra – mais completo, aplicado a 10% dos domicílios em cada município – sofreram redução. O questionário básico foi reduzido de 34 perguntas para 26. Já o de amostra, que em 2010 tinha 112 perguntas, passará a ter apenas 76 no censo do ano que vem.

A Abrasco manifestou a preocupação da comunidade da Saúde Coletiva em nota pública que destaca os prejuízos, imensuráveis em vários aspectos. “Todos os indicadores de saúde utilizados para programação, monitoramento e mesmo pagamento das ações de saúde realizadas no Sistema Único de Saúde (SUS) são calculados com base nos denominadores populacionais estimados pelo IBGE. A desagregação de informações pelas áreas de ponderação é essencial para conhecer o perfil demográfico, social e econômico em todos os pequenos municípios do país e em áreas distintas de municípios maiores” traz o documento.

Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Associação, participou da mesa “Censo 2020 e saúde – Importância para evidências científicas e políticas públicas”, organizado pela pesquisadora Dalia Romero, do Laboratório de Informação em Saúde e do GT Informação e Saúde da Abrasco em 4 de junho na Biblioteca de Manguinhos.

“Nós epidemiologistas sabemos como é fundamental ter bons denominadores populacionais, para fazer todos os cálculos e pesquisas de que precisamos”, definiu Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva, destacando que os efeitos do corte, porém, vão muito além do campo da epidemiologia. “Na saúde pública, se não temos uma estimativa populacional eficaz, não conseguimos planejar, saber o que vai ser feito. E não conseguimos de fato atuar nas nossas desigualdades em saúde” concluiu a presidente. Clique e leia a matéria do Poli.

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