No fim da primeira tarde do VI Congresso Brasileiro de Ciências Sociais e Humanas em Saúde, aconteceu o Grande Debate Racismo, homofobia e outras formas de discriminação social: repercussões na saúde, num auditório atento às explanações de Sergio Carrara (IMS/UERJ), Leny Trad (UFBA), Mônica Gomes (SEPPIR) e Lúcia Castro (CRIOULA) sob a coordenação de Luis Eduardo Batista (IS/SES-SP).
Com estudos sobre a presença de racismo no atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), Leny Trad, professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia, analisou depoimentos de moradores negros de Salvador sobre o atendimento que recebem na rede pública de Saúde. Outra linha de pesquisa da professora é o atendimento a estrangeiros no Brasil pela rede de Saúde brasileira ‘O que podemos perceber é que falta regulamentação sobre como se dá o atendimento a migrantes estrangeiros no país. Há um vazio legal sobre isso, um assunto que deveria receber mais atenção até pela questão do custo disso para o sistema, que não tem uma capacidade infinita de absorção de atendimentos’ revelou Leny.
Na abordagem de Monica Oliveira, estava o racismo como Determinante Social de Saúde ‘há uma inegável associação entre as condições de vida de homens e mulheres, de todas as idades, raças e classes sociais, e o estado de saúde. A concentração de riqueza e de poder afeta a saúde da população em geral e, mais especificamente, da população negra, que vive em sua maioria nas piores condições de vida’, referiu Monica. Ela falou ainda do racismo institucional, que muitas vezes acontecem por meio de normas, práticas e comportamentos discriminatórios naturalizados no cotidiano de trabalho resultantes da ignorância, da falta de atenção, do preconceito ou de estereótipos racistas. ‘Em qualquer situação, o racismo institucional restringe o acesso das pessoas, de grupos raciais ou étnicos discriminados aos benefícios gerados pelo Estado e pelas instituições/organizações que o representam’, alertou.
A assistente social e coordenadora do CRIOLA, Lúcia Xavier, apresentou Implicações do racismo, sexismo, homofobia e de outros processos discriminatórios no exercício do Direito Humano à Saúde onde refletiu sobre a discriminação como fator que determina o modo de nascer, viver e morrer dos grupos excluídos ‘Essas práticas destituem os indivíduos e grupos da condição de sujeitos de direitos devido a sua raça/etnia, gênero, orientação sexual, idade, geração, região/ local de moradia, classe social ou condição socioeconômica. Tornando essas diferenças fatores de desigualdades.
Lúcia mostra ainda que os impactos dessa desigualdade ainda não são aceitos como determinantes sociais em saúde e questiona ‘Como podemos superar esse quadro? Ao meu ver: enfrentando as Ideologias que dão base às relações de poder vigentes; Valorizando a cidadania e constituindo mecanismos contra os privilégios; Aumentando a densidade democrática das organizações públicas; Reconstruindo a cultura institucional com base nos Direitos Humanos; Promovendo políticas de ação afirmativa contra as iniquidades; Ampliando e efetivando os direitos da população’, respondeu.