Realizado nos dias 6 e 7 de agosto, o evento “Diálogo Estratégico para a preparação do documento de referência para a renovação da Promoção da Saúde no contexto dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)” reuniu na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/Brasil), em Brasília, atores nacionais e internacionais para pensar novas estratégias e ações promotoras da saúde para sociedade contemporânea, marcadamente digital e globalizada. A Abrasco esteve presente com a participação do Grupo Temático Promoção da Saúde e Desenvolvimento Sustentável (GTPSDS/Abrasco) e de outras abrasquianas e abrasquianos representantes de diversas instituições universitárias.
Ao longo dos dois dias, os debates visaram ampliar as discussões e compreensões sobre como os diversos tipos de determinantes (comerciais e sociais) influenciam a saúde das populações em uma sociedade interconectada como a dos dias atuais, tanto no contexto regional latino-americano como no brasileiro, identificando sinergias conceituais e operacionais para a renovação dos eixos da Promoção da Saúde no debate dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A discussão da Agenda 2030 está em consonância com as prioridades do GTPSDS/Abrasco em contribuir para a implementação dos ODS no Brasil, numa ação programática em diálogo com organismo internacional e demais entidades da sociedade civil para fortalecer a sinergia com outras agendas urbanas, potencializando ações já previstas na Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) e desvelar recorrentes conflitos de interesse público-privado.
Dais Gonçalves Rocha, professora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Brasília (FS/UnB) e integrante do núcleo executivo do GTPSDS/Abrasco, participou da mesa-redonda “Determinantes Comerciais da Saúde e Sociedade Digital no Contexto da Promoção da Saúde no Brasil” na manhã do dia 7, abordando as perspectivas do GT da Abrasco para o movimento de renovação da promoção da saúde.
“A despeito dos nossos resultados demonstrarem que a Agenda 2030 claramente converge com as demandas sociais do Brasil, o entendimento sobre a mesma e o investimento para sua implementação é ainda incipiente. As evidências trazidas pelo recém-lançado Relatório Luz tornam frágil o discurso dos poderes executivo e legislativo brasileiro de adesão aos ODS”, ressaltou Dais Rocha.
Para a abrasquiana, além dos determinantes comerciais da saúde, é de extrema importância o enfrentamento dos determinantes políticos. “A mudança de orientação política, que em nome da crise fiscal o atual governo tem desfinanciado, desestruturado e desarticulado várias políticas de garantia dos direitos e vários serviços de proteção social, está na contramão da implementação dos ODS e metas da Agenda 2030”, completou Dais.
Marco Akerman, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo e também do núcleo executivo do GTPSDS/Abrasco, fez a mediação da mesa-redonda “Determinantes Comerciais da Saúde”, na manhã do dia 6 e apresentou a síntese do evento. “A equipe da OPAS que organizou e coordenou este evento foi feliz no convite aos participantes. Me refiro a inclusão no debate de vários atores que diria ‘não tradicionais’ nesses encontros, como ONGs, agências Internacionais, acadêmicos e membros de governo fora do setor saúde. Isto propiciou ampliar o debate sobre temas como as práticas corporativas deletérias à saúde e a sociedade digital”, pontuou o docente.
Ao final do evento, iniciou-se a estruturação de um comitê técnico e de um plano de trabalho para apoiar a preparação do documento de referência do encontro e submetê-lo às demais entidades presentes e contribuir em próximas rodadas da temática.