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Gulnar Azevedo: “A Epidemiologia brasileira tem como prioridade a promoção da equidade”

A Epidemiologia, no Brasil, é intrínseca à Saúde Coletiva, e já acumula uma vasta história de produção de conhecimento comprometido com a realidade sanitária brasileira. Gulnar Azevedo e Silva, professora da UERJ e presidente da Abrasco entre 2018-2021, explorou essa trajetória, na conferência “Epidemiologia, democracia e saúde: conhecimentos e ações para equidade” – cujo título reforça o tema do 11º Congresso Brasileiro de Epidemiologia – na manhã de 24 de novembro.

Gulnar apresentou os principais marcos científicos da área, perpassando as construções científicas dos congressos, e da própria Comissão de Epidemiologia da Abrasco, que surgiu em 1984: “Desde a primeira formação a Comissão atuou para impulsionar o desenvolvimento da disciplina em articulação com o conjunto da Saúde Coletiva, mostrando o papel da epidemiologia na produção de conhecimento comprometido com a realidade sanitária brasileira”. Ela citou como exemplo significativo a criação do Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi) que deu origem à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde. 

O 1° Congresso Brasileiro de Epidemiologia aconteceu em 1990, em Campinas (SP), com o tema “Epidemiologia e desigualdade social: os desafios do final do século”. O eixo da programação científica, semelhante ao do Congresso que acontece em 2021 ), não é coincidência, já que, segundo Gulnar, “A Epidemiologia brasileira surgiu e se desenvolveu tendo como prioridade a promoção da equidade, investindo em um trabalho coletivo”. Ela também comentou que a Epidemiologia não perdeu seu vínculo com a Saúde Coletiva, e a Abrasco foi a grande estrutura organizacional e de troca de ideias necessária para o desenvolvimento da disciplina – assim como a Epidemiologia foi estruturante para a constituição da Abrasco.

A pesquisadora também se debruçou sobre os desafios mais recentes da Epidemiologia – diante da pandemia de Covid-19. Pontuou que há uma rica produção científica para entender o novo coronavírus, e também ações concretas para ajudar as autoridades políticas e sanitárias na tomada de decisões, como o Plano Nacional de Enfrentamento à Covid-19, construído no âmbito da Frente Pela Vida, com forte atuação da Abrasco.

“Todo o conhecimento epidemiológico produzido no Brasil  tem como principal motivação gerar, apoiar, induzir e cobrar ações pela equidade e pela democracia. Nossas instituições de ensino e pesquisa estão sendo desidratadas, e o SUS desfinanciado e atacado diariamente. É o momento de lutar para não perder o que foi construído e avançar para a reconstrução do país”, finalizou. 

A conferência foi moderada por Moisés Goldbaum, Presidente do 5º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que aconteceu em Curitiba, em 2002.

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