Em mais uma participação ao vivo e em estúdio no canal GloboNews, Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Abrasco, fez um chamamento público às autoridades e à sociedade civil para que todas e todos se articulem em torno da ciência e da Saúde Coletiva nas ações necessárias à resposta à pandemia da Covid-19. Gulnar esteve na noite de 27 de março no telejornal Em Pauta e dialogou com o apresentador, Marcelo Cosme, e com os comentaristas Demétrio Magnoli, Monica Waldvogel, Eliane Catanhedê e Carolina Cimenti.
A primeira pergunta abordou a ampliação da estratégia da testagem preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e notícia de que o Ministério da Saúde irá comprar quase 23 milhões de testes. Gulnar destacou o esforço dos órgãos públicos e a importância dessa ação, mas , no entanto, apontou as limites encontrados. “A produção desses testes não é rápida, não havia essa demanda. Logo, para essa produção será preciso organização e planejamento. Num primeiro momento é importante testar os profissionais de saúde e de segurança e os pacientes sintomáticos. A medida que vai aumentando pode-se oferecer em larga escala”.
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A epidemiologista frisou o pedido de calma para quando as pessoas sentirem sintomas de complicações respiratórias, típicos na época do outono, evitando assim uma sobrecarga nos serviços de saúde e exposição desnecessária ao ambiente hospitalar. “Nessa época há um maior acometimento do quadro gripal e das alergias. As pessoas têm de ter muita tranquilidade para identificar as situações de gravidade” disse a presidente da Abrasco, deduzindo o raciocínio para a importância da medida de isolamento. “Cerca de 20% dos casos que provavelmente podem evoluir para casos graves, mas estamos falando de uma doença altamente transmissível, por isso que a medida de isolamento é correta” disse Gulnar.
O posicionamento do movimento sanitário frente ao pronunciamento do presidente da República na noite de 24 de março, em cadeia nacional de rádio e TV foi reforçado pela presidente da Abrasco. “Foi com muita preocupação que nós sanitaristas recebemos essa possibilidade de afrouxamento das medidas de isolamento no Brasil. O isolamento é a melhor estratégia que temos hoje de diminuir o número de casos. Se a gente consegue ter medidas articuladas em todo o país, com estados e municípios, e a sociedade colaborar – algo fundamental – podemos ter uma perspectiva melhor. Se a gente tem uma medida que deseduca, é muito grave. O esforço hoje é garantir que o Brasil entenda essa necessidade e a gravidade do momento que estamos passando”.
Sobre as investigações genômicas já em desenvolvimento no país, Gulnar relembrou a urgente necessidade de investimentos e o compromisso com o conjunto de pesquisadores que compõem a ciência brasileira, de grande qualidade e com capacidade de dar as melhores respostas ao atual desafio. As possíveis sequelas futuras àqueles que foram infectados e a possibilidade de mudanças no quadro demográfico foram outros temas presentes na entrevista.
“Tenham paciência e sejam solidários. Importante entender que não depende só de uma pessoa,mas que é uma medida coletiva. Há um esforço individual de cada um, mas se todos fizerem ao mesmo tempo será um esforço menor, pois todos estarão trabalhando pela saúde. Estamos falando de salvar vidas. Isto não tem preço e deve vir na frente de tudo” encerrou a presidente Gulnar em sua participação.