Ontem, em Brasília, Gulnar Azevedo – presidente da Abrasco e diretora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/Uerj), participou do debate “Faltam médicos no Brasil?”, no programa Expressão Nacional, da TV Câmara. Além dela estiveram presentes Emmanuel Fortes, no Conselho Federal de Medicina, e os deputados federais Odorico Monteiro (PSB/CE) e Mário Heringer (PDT/MG).
A discussão se deu em torno da saída de cubanos do Programa Mais Médicos – e abordou pautas relacionadas, como a eficácia do programa, a formação dos médicos no Brasil, a necessidade de carreiras de estado para estes profissionais. Gulnar pontuou que o Sistema Único de Saúde expandiu e ampliou o acesso à saúde no Brasil, mas que a medicina ao longo do tempo também ficou mais sofisticada, mais cara – com mais possibilidades de diagnóstico. E os médicos foram sendo formados nesta visão de medicina mais especializada, menos voltada para a Atenção Primária e Saúde da Família.
“O Programa Mais Médicos não é só trazer médicos de fora. É articulado, facilitou abertura de cursos de medicina, fez esforço para mudança de currículos. 80% dos problemas de saúde são resolvidos na saúde primária, mas a formação especializada não contempla isso. Não temos profissionais médicos suficientes capacitados para ficarem sozinhos em uma cidade, atendendo como população precisa. Por isso vieram os estrangeiros. Mas, ao mesmo tempo em que eles foram colocados em lugares remotos, com populações muito vulneráveis, foi-se implementando e investindo em cursos de medicina voltados para isso. É uma transição, ao longo do tempo vamos formando os profissionais médicos para nossa necessidade”.
Apesar de ser uma política de transição, entretanto, o PMM teve impacto positivo na diminuição de internações, em seu pouco tempo de funcionamento até aqui: segundo a professora, diminuiu em 5%, o que já significa 35% de retorno do investimento: “Levar médicos para lugares que nunca receberam atendimento básico modificou a vida das pessoas”.