As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) foram incluídas, em 2019, na lista das dez ameaças à saúde a serem combatidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As enfermidades classificadas desta maneira – como diabetes, alguns tipos de câncer, doenças cardiovasculares, como a hipertensão, e doenças respiratórias -, causam 70% de todas as mortes no mundo: cerca de 41 milhões de pessoas (dados da OPAS/OMS). O tema foi debatido no programa Sala de Convidados, do Canal Saúde, na última terça-feira (19/03). Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco, foi uma das convidadas.
A epidemiologista pontuou que o aumento da expectativa de vida no Brasil, sem garantia de acesso ao serviço de saúde e à promoção de saúde para todos, gera uma população cada vez mais idosa, mas que acumula riscos potenciais para doenças crônicas: “Sobreviver mais [viver mais tempo] não significa que está sobrevivendo bem, com qualidade de vida. E envelhecer não significa ficar doente, a gente pode envelhecer com saúde. A gente tem que trabalhar muito para que as pessoas tenham acesso à promoção da saúde: dieta saudável, vida não sedentária. Isso não é um papel do indivíduo, não podemos culpabilizar o indivíduo. A gente tem que oferecer condições enquanto Estado para que essas pessoas tenham essa dieta saudável, a possibilidade de fazer atividade física”.
Entretanto, o país já teve alguns avanços muito importantes, que Gulnar atribui à existência do Sistema Único de Saúde (SUS) – o tabagismo, por exemplo, diminuiu muito: “A gente tem talvez as menores prevalências de tabagismo em relação a países grandes como o Brasil”, explica. Outro ganho considerável foi o aumento de acesso aos medicamentos o que, especialmente no tratamento da hipertensão, fez cair muito o risco de infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC): “A maior queda entre as causas de óbito relacionados às doenças crônicas não transmissíveis ocorreu nos AVC’s. A gente pode atribuir um pouco à diminuição do tabagismo, um pouco às melhoras de condições de vida gerais, mas muito ao acesso aos serviços de saúde”.
Além de Gulnar, participaram também do debate, mediado pela apresentadora Juliana Espindola, Rodrigo de Carvalho Moreira – pesquisador em Cardiologia no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas da Fundação Oswaldo Cruz (INI/Fiocruz) -, e Michele Teixeira – professora do Departamento de Nutrição da Universidade Federal do Estado Rio de Janeiro (UNIRIO). Assista ao programa completo, abaixo, ou veja no site do Canal Saúde: