O professor da Universidade Federal do Pará (UFPA) Hilton Silva e a pesquisadora Emanuelle Góes, doutora em Saúde Pública pela Universidade Federal da Bahia, ambos membros do GT Racismo e Saúde da Abrasco, avaliaram os dados levantados pelo site da Agência Pública sobre a desigualdade racial na fila de vacinação.
A reportagem divulgou diferentes cenários, mostrando os abismos responsáveis por distanciar negros e brancos na imunização contra a Covid-19. Até o momento, 3,2 milhões dos vacinados são brancos, ante 1,7 milhão de negros. De acordo com os levantamentos feitos pela Pública, 3,66% da população branca receberam a primeira dose da vacina e quando a mesma análise é feita entre a população negra, o percentual de vacinados cai para 1,48%.
Para os especialistas ouvidos pela reportagem, as discrepâncias na vacinação entre brancos e negros têm diversos fatores. “Muitas vezes é uma questão de locomoção. Vai ter a população branca que tem, por exemplo, a possibilidade de pegar o seu carro e ir para um drive thru para ser vacinado, enquanto a pessoa idosa que mora na periferia, que mora no quilombo ou numa área mais remota não tem essa possibilidade porque não tem esse transporte”, afirma o professor. “Você percebe que isso em si já oferece um acesso diferencial em relação à vacinação”, analisa Hilton Silva.
Para Emanuelle Góes, a população negra vai acumulando doenças crônicas em uma situação mais agravada, devido aos contextos sociais de maior dificuldade. “Ela vive a precarização da vida, no acúmulo do racismo, nas suas diversas dimensões na vida das pessoas. Com isso, o envelhecimento também se torna mais negligenciado e é prejudicado por esse acúmulo de desigualdade e do racismo na vida dessas pessoas”, afirma.
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