Quando pensamos em população idosa tendemos a imaginar apenas as pessoas que já são idosas. Mas o pesquisador Pedro Curi Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, ressalta que mais desafiador que isso é pensar nas pessoas que estão sendo criadas na sociedade atual, “como será a vida deles no estágio de envelhecimento?”. Sabe-se que os processos de envelhecimento são mais nítidos quando associados a fatores de doenças crônicas. A elas soma-se a incidência da inatividade física. Um terço dos adultos no mundo, cerca de 1,5 bilhão de pessoas possuem inatividade física. Quarto quintos são adolescentes entre 13 e 15 anos. Esses dados sinalizam que não atingem as recomendações de atividades físicas. E um dado alarmante: 5,3 milhões pessoas morrem por ano por inatividade física.
Estudos apresentados por Hallal, realizado em Pelotas (RS), sobre o grau de dependência para as atividades básicas e instrumentais de vida diária em idosos, apontam que três em cada 10 idosos tem algum grau de dificuldade para as atividades básicas (11,3%). A prevalência e fatores associados ao cuidado domiciliar a idosos, 49,5% dos entrevistados responderam que tinha alguém para cuidar deles, com o dado singular de que os homens apresentaram índices maiores do que as mulheres. Hospitalizados no último ano, são 25,8% dos homens contra 23,1% das mulheres. Os riscos relacionados à hospitalização são da incapacidade para atividades básicas (27,4%), atividades instrumentais (24,2%), quedas (33,9%) e tabagismo (18,6%). Quanto às quedas e fraturas existentes nas residências de instituições de longa permanência para idosos o dado é de 38,9%. De cada cinco quedas, uma ocasionou fratura (19%), 59,9% são fraturas dos membros inferiores, os mais frequentes. Os fatores de risco para as quedas são a idade avançada e serem residentes em ILPIs públicas.
“Esses estudos levam-nos a observar que são fatores de risco nos quais são passíveis de transformação. É possível agir e mudar a situação. Um exemplo disso é o programa de atividade física para idosos”, enfatizou Hallal. Outros fatores importantes serem citados, como ressalta o pesquisador, são os de institucionalização dos idosos: ser do sexo masculino, a idade avançada, sem escolaridade, inatividade física e incapacidade para atividades básicas. Nesse sentido, ele e vários outros pesquisadores estão elaborando o projeto INCT em envelhecimento e declínio funcional, um estudo de coorte para a aplicação de intervenções no SUS. “Serão testadas intervenções mais eficazes para depois serem implantadas na rede pública de saúde”, pontuou.