Os rastros deixados pelos garimpeiros nas terras indígenas vão muito além da degradação da floresta, causando um desequilíbrio ambiental com impacto direto na saúde da população indígena. Vítima do garimpo ilegal desde a década de 1980, a Terra Indígena Yanomami, em Roraima, recentemente atacada pelos invasores, precisa de socorro, com expôs reportagem do G1.
A presença dos garimpeiros na reserva leva doenças que estariam distantes desta comunidade isolada, entre elas, o covid-19. E mais, com a exploração ilegal dos bens naturais, como o ouro, por exemplo, contamina o bioma da região resultando na morte de animais, rios contaminados e menos opções de alimentos para o povo indígena que depende, principalmente, da natureza para se alimentar.
Não à toa, a desnutrição, considerada um problema antigo nesta região, vem se agravando a passos largos. Segundo um estudo divulgado pela ‘Unicef (braço da Organização das Nações Unidas para a infância) e a Fiocruz aponta que oito em cada dez crianças menores de 5 anos têm desnutrição crônica’.
De acordo com o médico especialista em saúde indígena Paulo Basta, também pesquisador do estudo, se, de fato, o dever constitucional fosse cumprido pelo Estado Brasileiro ou se adotassem políticas públicas adequadas e inclusivas, a situação da saúde dos povos indígenas seria outra.
Lamentavelmente, os povos indígenas estão enfrentando um duplo descaso no que diz respeito à saúde, a desnutrição e o avanço da covid-19. Apesar de os indígenas serem considerados grupos prioritários dentro do Plano Nacional de Imunização (PNI), não há previsão de quando eles estarão 100% imunizados com as duas doses da vacina.
Este cenário caótico enfrentado pelas comunidades tradicionais reforça a necessidade urgente da demarcação de terras para salvar vidas, que vêm sendo ceifadas pela desnutrição, doenças e assassinatos causados pelos invasores.