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Lançada a Rede Irerê de proteção à Ciência

Bruno C. Dias

O canto do Irerê, ave que anima a natureza e alerta a presença de predadores, serviu de inspiração para a criação da Rede Irerê de Proteção à Ciência. Lançada na noite do último dia 16, a Rede, que conta com o apoio da Abrasco, marca um novo momento de fortalecimento e defesa do conhecimento crítico, tendo a abrasquiana Lia Giraldo da Silva Augusto como coordenadora executiva.

Fruto de um processo de amadurecimento e discussão promovido por pesquisadores dos campos da saúde coletiva, ambiente e agroecologia, a Rede Irerê tem como objetivo desvelar e caracterizar a perseguição à ciência e cientistas cujo os trabalhos envolvem diagnósticos de nocividades, situação de saúde, desenvolvimento tecnológico, políticas públicas, entre outros aspectos, entendendo o fenômeno em sua amplitude, se propõem a tecer redes de apoio jurídico, social, afetivo e econômico nas situações necessárias.

Entidades e organizações como Abrasco, o Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes), Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Associação Brasileira de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora (ABRASTT), Frente Ampla em Defesa da Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras, ASFOC-SN, ONG Terra De Direitos, Rede de Médicas e Médicos Populares, MST, Fórum Nacional de Combate aos Agrotóxicos, Movimento Ciência Cidadã, entre outras, marcaram presença no lançamento.

Em nome da Abrasco, Gulnar Azevedo e Silva saudou a iniciativa e elogiou o envolvimento do Grupo Temático Saúde e Ambiente (GTSA/Abrasco) na construção da nova rede, reforçando o comprometimento da Associação com a seriedade do fazer científico vinculada ao posicionamento político. “É uma iniciativa que segue a ciência, que tem a ver com a articulação entre saúde e meio ambiente, chamando atenção da sociedade para temas fundamentais, conseguindo furar bolhas e dialogar com a população. Somos uma entidade cientifica que se posiciona, não fugimos à luta e juntos seguiremos apoiando essa nova rede” falou a presidente da Abrasco.

Ao fim das falas das entidades, Lia Giraldo agradeceu as presenças e fez uma síntese do momento atual. O vazio e o desamparo do Estado para com a ciência e seus cientistas, que vai da omissão, quando não um agente a mais num conjunto de forças por ela qualificado como “verdadeiras indústrias de desqualificação das instituições científicas do país”, caracteriza a necessidade da Rede. “Não são práticas apenas atuais mas agora estão muito intensificadas, oriundas de setores corporativos e agora assumidas sem pejo nem compostura pelo governo que aí está” articulou a abrasquiana.  

A coordenadora executiva situou que a ação da Rede Irerê não é uma luta restrita a alguns segmentos científicos. “Temos o palco da democracia e dos Direitos Humanos como nosso chão, o que nos permitirá construir alianças contra a violência e o obscurantismo, com os campos onde o obscurantismo não atua, e que exige uma capacidade inovadora de articulação. Nesse sentido, coloco-me neste grupo e estou bastante motivada e empenhada no fortalecimento da nossa rede. Quero dizer que o canto do irerê estará inspirando todos nós por essa conquista civilizatória que é a ciência, uma oportunidade e perspectiva de fazer frente à opressão e às injustiças, e apoiar o bem comum” concluiu Lia Giraldo.

A Rede Irerê de Proteção à Ciência adotou como forma jurídica a associação de pessoas físicas, sendo composta por pesquisadores e cientistas cujos trabalhos são socialmente e ambientalmente comprometidos, como explicitado no seu estatuto, e se articulará como uma rede com parceiros institucionais com objetivos afins. Interessadas e interessados devem escrever para o e-mail: contato@redeirere.org

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