A Revista Saúde Brasil, na edição de fevereiro de 2020, aborda os diversos problemas no atendimento de saúde à população negra no país. Segundo a ONU, os negros brasileiros têm a maior incidência de problemas de saúde evitáveis. O coordenador do GT Racismo e Saúde e integrante da diretoria da Abrasco, Luís Eduardo Batista, é um dos especialistas que participaram da publicação. Ele aponta o porquê de tais doenças serem evitáveis: “É evitável por causas sociais, é evitável porque pode ser resolvida com políticas de saúde e é evitável porque nós temos condições, dentro sistema público de saúde, de evitar esse adoecimento e essa morte.”.
A revista faz uma espécie de diálogo com especialistas da área de saúde coletiva dando destaque para questões que envolvem a saúde da mulher, doenças hereditárias específicas da população negra, os homicídios (em 2019, 75,5% dos homicídios no país foram cometidos contra pessoas negras) e o racismo institucional. Neste último ponto inclui-se também a visão sobre a formação e sensibilização dos profissionais da área de saúde, como destaca Luís Eduardo Batista: “As faculdades na área da saúde, os cursos na área da saúde como um todo, deveriam ter na sua grade curricular disciplinas que pudessem discutir os efeitos das desigualdades, das iniquidades sociais na saúde. Podemos falar que a gente precisa que esses temas ‘saúde da população negra/racismo’ estejam presentes nas disciplinas, nos processos de formação dos profissionais de saúde”.
O estado de negligência que existe com a saúde da população negra expõe, antes de tudo, um descaso com a maioria da população brasileira, tendo em vista que se trata de 54% dos brasileiros. Além disso, os efeitos das diversas formas de manifestação do racismo podem se apresentar em nível orgânico, energético, mental e psíquico. Para a doutora em Psicologia Social, Célia Prestes, “a gente pode dizer sim que a saúde mental é uma das mais prejudicadas, inclusive porque o racismo incide sobre as pessoas em forma de violência e a violência psicológica ou simbólica está presente em qualquer outra forma de violência”. Ela ainda completa que, “onde tem violência, tem um efeito psíquico. Portanto, se tem racismo, tem também efeito psíquico”.
Além de Luís Eduardo Batista e de Célia Prestes, também participam a médica da Família, Amanda Arlete, e a Secretária da Coordenação de Promoção da Igualdade Racial de São Paulo, Elisa Lucas Rodrigues. O Saúde Brasil também traz um vídeo com os depoimentos desses profissionais.
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